Israel bombardeia Gaza e permanece em alerta por ameaça iraniana
O Hamas informou nesta sexta que dezenas de casas e prédios residenciais foram atacados
As forças israelenses voltaram a bombardear a Faixa de Gaza, anunciou nesta sexta-feira (12) o movimento palestino Hamas, em um momento de tensão elevada, depois que o Irã ameaçou responder ao ataque contra seu consulado na Síria, uma ação que atribui a Israel.
A tenaz ofensiva israelense em resposta ao ataque do Hamas de 7 de outubro prossegue, sem direito à trégua para Gaza, submetida a um cerco que deixa a população à beira da fome, segundo a ONU.
Ao mesmo tempo, Catar, Egito e Estados Unidos, que atuam como mediadores para alcançar uma trégua, aguardam as respostas de Israel e do Hamas à proposta mais recente para uma interrupção dos combates que permita, ainda, a libertação de reféns israelenses mantidos em cativeiro em Gaza.
O Hamas informou nesta sexta que dezenas de casas e prédios residenciais foram atacados com explosivos no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. As forças israelenses também bombardearam outros setores dessa área, acrescentou.
No bairro de Al Daraj, na Cidade de Gaza, 25 membros da família Al Tabatibi morreram no bombardeio que atingiu um edifício, segundo uma pessoa próxima.
"Bombardeios atingiram Nuseirat durante toda a noite. Só havia fogo e destruição, com mártires caídos nas ruas. Fugimos pela manhã e não temos para onde ir. É a sexta vez que somos deslocados. Gaza se tornou inabitável", declarou Mohamad Al-Rayes, de 61 anos, à AFP.
O exército israelense relatou ataques contra "mais de 60 alvos terroristas" em Gaza, incluindo postos subterrâneos e infraestruturas militares.
Ameaças "críveis" e "reais"
Além do conflito em Gaza, aumenta a preocupação com uma eventual escalada regional, depois que o Irã acusou Israel de ser responsável pelo bombardeio contra seu consulado na capital da Síria em 1º de abril, uma ação que matou sete integrantes da Guarda Revolucionária, incluindo dois generais.
O governo dos Estados Unidos alertou para o perigo de um ataque iraniano ou de grupos vinculados a Teerã. O general Michael Erik Kurilla, que está à frente do Comando Central dos Estados Unidos para o Oriente Médio (Centcom), viajou a Israel.
Washington restringiu os deslocamentos de seus funcionários em Israel devido à ameaça e a França recomendou nesta sexta-feira que seus cidadãos não viajem ao Irã, Líbano, Israel e aos Territórios Palestinos. A companhia aérea alemã Lufthansa suspendeu os voos com pouso e decolagem de Teerã.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, conversou na quinta-feira com o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, sobre a preparação para enfrentar um eventual ataque iraniano.
"Se o Irã atacar a partir de seu território, Israel responderá e atacará o Irã", advertiu o chanceler israelense, Israel Katz.
O presidente americano, Joe Biden, reforçou seu apoio veemente a Israel, apesar das tensões entre o governante democrata e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por divergências sobre a gestão da guerra em Gaza.
O líder supremo do Irã - arqui-inimigo de Israel e aliado do Hamas -, Ali Khamenei, reiterou na quarta-feira que Israel "será punido".
A Casa Branca afirmou nesta sexta que as ameaças de um ataque iraniano contra Israel são "críveis" e "reais".
Por sua vez, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu aos seus pares da China, Turquia e Arábia Saudita que tentem dissuadir Teerã.
Mas o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, defendeu a "necessidade" de Teerã responder após o bombardeio contra seu consulado, em conversas com seus homólogos da Alemanha, Austrália e Reino Unido.
Negociações e pressão
O conflito no território palestino começou em 7 de outubro, após o ataque do Hamas contra o sul de Israel, que deixou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 33.634 mortos em Gaza, na maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.
O movimento islamista tomou 250 reféns durante seu ataque, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que morreram, segundo as autoridades israelenses.
Basem Naim, funcionário de alto escalão do Hamas, afirmou na quinta-feira que o grupo precisa de "tempo e segurança suficientes" para localizar os reféns, questão crucial para as negociações da trégua.
Naim disse que os reféns estão em "locais diferentes, nas mãos de diferentes grupos".
Centenas de israelenses protestaram na quinta-feira à noite diante da residência de Netanyahu em Jerusalém para pedir a continuidade da ofensiva.
O primeiro-ministro israelense segue mantendo seus planos de uma operação em Rafah, a cidade no sul de Gaza que abriga 1,5 milhão de palestinos e que o premiê apresenta como o último bastião do Hamas.