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Irã inicia ataque a Israel com 'dezenas de drones', dizem Forças Armadas israelenses

Segundo informações publicadas pela imprensa israelense, drones ainda levarão horas para chegar ao país atacado

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião ministerial - Abir Sultan/AFP

O Irã lançou, neste sábado (13), um ataque com mais de 200 drones e mísseis contra Israel em resposta ao bombardeio que atingiu seu consulado em Damasco, no primeiro ataque direto da República Islâmica contra o território israelense.

O Exército israelense garantiu que o Irã lançou mais de 200 drones e mísseis contra Israel, mas que a maioria foi interceptada sem consequências graves. Uma base militar foi atingida no sul de Israel, mas sofreu apenas "danos menores", segundo um porta-voz militar.

Paralelamente, o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, ambos aliados do Irã, realizaram seus próprios ataques contra Israel. O primeiro bombardeou duas vezes as Colinas de Golã, ocupadas por Israel, e os últimos lançaram drones em direção ao território israelense.

A Guarda Revolucionária, exército ideológico da República Islâmica, anunciou também ter lançado mísseis contra Israel como parte desta operação em retaliação ao bombardeio a seu consulado em Damasco em 1º de abril, no qual morreram dois de seus generais e que foi atribuído a Israel.

O ataque iraniano foi lançado "em resposta aos numerosos crimes cometidos pelo regime sionista, incluindo o ataque à seção consular da embaixada da República Islâmica do Irã em Damasco e o martírio de um grupo de comandantes e assessores militares de nosso país na Síria", indicou a televisão estatal iraniana, citando o departamento de relações públicas da Guarda.

O ataque semeou o pânico nas ruas de Israel, que está há mais de seis meses em guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.

"Como vocês podem ver, está tudo vazio, todos estão correndo para casa", declarou Eliyahu Barakat, um comerciante e 49 anos do bairro de Mamilla, em Jerusalém.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversou por telefone com o presidente americano, Joe Biden, para falar sobre o ataque.

Biden anunciou que as forças americanas ajudaram Israel a derrubar "quase todos" os mísseis e drones disparados pelo Irã.

 
 
 
 
 
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Em uma declaração, também anunciou que vai convocar os governantes do G7, grupo que reúne os países mais ricos do mundo, para coordenar uma "resposta diplomática unida" ao "descarado" ataque do Irã.

"Nosso compromisso com a segurança de Israel diante das ameaças do Irã e seus representantes [na região] é inabalável", declarou Biden na rede social X.

A missão iraniana na ONU indicou no X que este "é um conflito entre o Irã e o regime israelense desonesto, do qual os Estados Unidos DEVEM FICAR DE FORA!".

"Drones assassinos"
O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, expressou, em um pronunciamento televisionado, que esta "se trata de uma escalada grave e perigosa", assegurando que Israel trabalha "estreitamente" com os Estados Unidos e seus aliados na região para "interceptar os drones".

Jornalistas da AFP afirmaram ter ouvido várias explosões em Jerusalém na madrugada deste domingo (noite de sábado em Brasília) pouco antes de começarem a soar os alarmes de alerta, e também em Jericó, na Cisjordânia ocupada.

O Exército israelense afirmou que os alarmes também soaram na região do Neguev, no sul.

O Irã afirmou que uma base aérea israelense no Neguev foi "fortemente atingida", embora Israel tenha dito que sofreu "danos menores".

Israel, que à tarde anunciou o fechamento das escolas em todo o país "considerando a situação de segurança", informou sobre o fechamento de seu espaço aéreo a partir das 21h30 GMT (18h30 de Brasília).

Jordânia e Líbano, vizinhos de Israel, e Iraque, que compartilha fronteira com o Irã, também informaram sobre o fechamento de seu espaço aéreo, enquanto o Egito disse que sua defesa aérea estava em estado de alerta máximo.

Após o início da operação iraniana, a conta no X do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, voltou a publicar uma mensagem que afirmava que "o regime diabólico será punido".

A União Europeia condenou o ataque e o classificou como uma "escalada sem precedentes".

Brasil, Argentina, Chile e Uruguai expressaram preocupação com a escalada das tensões e condenaram o ataque contra Israel, enquanto o México instou as partes "à autocontenção".

O Itamaraty informou, em nota, que "o Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel".

"O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada", acrescentou.

A Venezuela, por sua vez, culpou o "genocídio na Palestina e a irracionalidade do regime israelense, assim como a inação" da ONU pela deterioração da situação no Oriente Médio.

Guerra em Gaza
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou "fortemente" o ataque e instou "todas as partes a exercerem a máxima moderação".

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá emergencialmente neste domingo a propósito do ataque iraniano.

No sábado de manhã, as forças marítimas da Guarda Revolucionária interceptaram um navio "vinculado" a interesses israelenses no Estreito de Ormuz, por onde transita grande parte da produção petrolífera dos países do Golfo, com 25 tripulantes a bordo.

Esta escalada ocorre no contexto da guerra entre Israel e o Hamas, movimento apoiado pelo Irã e no poder na Faixa de Gaza, desencadeada por uma sangrenta incursão de comandos islamistas no sul de Israel em 7 de outubro.

Naquele dia, os combatentes do movimento islamista mataram cerca de 1.170 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 continuam em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido, segundo autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.686 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

O conflito, além do grande número de vítimas, deixou a maioria dos quase 2,5 milhões de habitantes de Gaza à beira da fome, segundo a ONU. O cerco israelense impede a entrada da ajuda humanitária necessária ao pequeno território.