Lagoa Grande recebe, da Alepe, Título de Capital Pernambucana da Uva e do Vinho
Município, que tem o terceiro maior Produto Interno Bruto do São Francisco, é o segundo maior produtor de vinhos do Brasil
O munícipio de Lagoa Grande, no Vale do Rio São Francisco, será, oficialmente, a Capital Pernambucana da Uva e do Vinho. O título honorífico será concedido em uma sessão solene, nesta terça-feira (16), às 18h, no Auditório Senador Sérgio Guerra, da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A resolução é de autoria do deputado Jarbas Filho (MDB). Segunda maior produtora de vinhos do Brasil, a cidade sertaneja conta hoje com 1,8 mil hectares de plantação de uvas de mesa e para vinho. A produção da fruta chegou a aproximadamente 73 mil toneladas em 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O prefeito de Lagoa Grande, Vilmar Cappellaro (MDB), considera esse título para a cidade, que já o utilizava não oficialmente, da maior importância. “Extraoficialmente, sempre nos colocamos como a Capital da Uva e do Vinho, mas não havia nada oficial ainda. Colocamos para a Assembleia Legislativa e para os demais municípios a importância disso porque Lagoa Grande foi pioneira na produção de uvas e também na produção de vinhos de todo o Nordeste”, lembrou o prefeito.
Ainda segundo Cappellaro, Lagoa Grande tem cinco das oito vinícolas do Vale do São Francisco, além de outra vizinha, a Santa Maria da Boa Vista. As duas restantes estão em Curaçá e Casanova, na Bahia. “Sabemos que o turismo vai ter um incremento enorme a partir do momento que esse título se consolidar oficialmente. Aí, muitos investidores virão. O foco turístico será Lagoa Grande, uma cidade jovem e vai dar realmente o pertencimento àquelas pessoas que vieram de fora, que se juntaram com o povo nativo e que fizeram um trabalho que tem que ser enaltecido, que tem que ser reconhecido”, disse o Cappellaro.
O deputado Jarbas Filho lembra que Lagoa Grande tem o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do São Francisco, algo em torno de R$ 500 milhões, e que produz uva todos os dias do ano, diferente do que acontece no Sul do Brasil, e que ajuda o Estado a contribuir com um quarto da produção nacional da fruta.
“Uma terra que, em 2022, registrou a produtividade de 47 toneladas por hectare, superior à média nacional, que foi de 19,4 toneladas por hectare. Este título é um reconhecimento a importância de Lagoa Grande para Pernambuco. Por seu grande potencial na vitivinicultura e no enoturismo. É uma honra fazer parte desta história”, destacou o parlamentar.
Desenvolvimento
Os primeiros testes com plantação de uvas na região tiveram início em meados da década de 1970. A produção de vinhos começou em 1982. O município, com pouco mais de 25 mil habitantes e 26 anos de fundação, destaca-se não só pela quantidade de uvas e vinhos produzidos, mas também pela qualidade das bebidas que fabrica. As vinícolas acumulam prêmios de qualidade relevantes, tanto nacionais como internacionais.
“Já conseguimos a Identificação Geográfica (de Vinhos Tropicais do mundo, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual). São instrumentos (como esse) que estamos oferecendo à população e aos investidores. Vai abrir a oportunidade de atrair mais investimentos e fazer com que haja um desenvolvimento muito maior da cidade e também de toda a região do São Francisco”, disse o prefeito.
Vilmar Cappellaro, que está em seu segundo mandato, ressalta que quando assumiu a prefeitura a arrecadação era de pouco mais de R$ 60 milhões. “Encaminhamos à Câmara de Vereadores, em 2023, um projeto orçamentário de R$ 153 milhões. Praticamente triplicamos o valor no nosso município, criando infraestrutura, estrada, incentivando o turismo, preparando as pessoas para a área do desenvolvimento, criando leis que facilitassem, que incentivassem contratações de pessoas de Lagoa Grande mesmo”, explicou o prefeito.
Orçamento
Capellaro acredita que, dentro de quatro ou cinco, o orçamento do município deverá ser triplicado mais uma vez. “Não será um benefício só para Lagoa Grande. Estamos alavancando também a economia dos municípios e das comunidades vizinhos, porque todos os projetos que fazemos, não focamos só em nós, mas procuramos envolver a agricultura familiar, todo o segmento produtivo para que as pessoas venham se instalar, de forma muito profissional, e ajudar no seu desenvolvimento”, afirmou.
Lagoa Grande tem um diferencial relevante em relação a outras regiões produtoras de vinho: produz três safras no ano. “Não tem nenhum lugar no mundo que podemos produzir uvas e vinhos, sucos e espumantes todos os dias do ano. Graças ao nosso clima e temperatura, o que chamamos de terroir, uma condição climática que nunca tem inverno, quando há a hibernação das plantas”, revelou ele.
Com esse diferencial, diz o prefeito, pode-se montar estruturas menores e produções contínuas, diferente de outras regiões do mundo, que têm a época definida para produzir. “Da mesma planta, é possível tirar três safras no mesmo ano. Você determina, diz o dia que quer colher a fruta, o dia que quer produzir o seu vinho, que quer fazer a sua colheita. Programa em torno de quatro meses antes, prepara, faz a poda e quatro meses depois, aproximadamente, está colhendo a qualquer dia do ano. Então, temos praticamente 365 safras, uma condição extremamente favorável”, esclarece o prefeito.