Conheça melhor Davi, Isabelle e Matteus, finalistas do reality "Big Brother Brasil 24"
Final histórica reuniu um jovem motorista de aplicativo de Cajazeiras, na Bahia; um humilde estudante de engenharia do Alegrete, no Rio Grande do Sul e uma dançarina e "cunhã" do Boi Garantido, do Amazonas
A finalíssima do Big Brother Brasil 24, após 100 dias de confinamento do reality show da TV Globo, na noite desta terça-feira (15), vai consagrar um vencedor na disputa entre os finalistas Davi, Isabelle e Matteus.
Depois de todos os Camarotes eliminados, os três “pipocas” de regiões distintas do Brasil (Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul) que seguem na disputa simbolizam bem a diversidade cultural brasileira em suas particularidades regionais.
Essa final histórica reuniu um jovem motorista de aplicativo de Cajazeiras, na Bahia; um humilde estudante de engenharia do pequeno município rural do Alegrete, no Rio Grande do Sul e uma dançarina e “cunhã” do Boi Garantido, manifestação típica de Manaus, no Amazonas.
Conheça os finalistas
Davi - O motorista de aplicativo baiano Davi Brito, de 21 anos, não estava buscando fama ou publicidade quando resolveu se inscrever no BBB 24. O seu maior objetivo era estabilizar a vida financeira de sua família e pagar à vista uma faculdade de Medicina, sonho muitas vezes distante de jovens negros periféricos que precisam trabalhar para sustentar a família.
Davi nasceu e cresceu em meio a dificuldades financeiras, no bairro de Cajazeiras, onde reside até hoje. logo cedo precisou contribuir com as despesas da casa. O divórcio de seus pais, ainda na infância, impactou as finanças da sua família. Sua mãe, dona de uma loja de roupas, precisou fechar o negócio e Davi se viu obrigado a vender água mineral e picolé nos ônibus de Salvador, aos oito anos, para ajudar a colocar comida na mesa: “Não desejo para ninguém a infância que eu tive”, disse o baiano, ao Portal Gshow.
Hoje em dia, morando no quintal da família em uma casa simples, é vizinho de porta da irmã. Sua rotina de trabalho é de jornada dupla como motorista de aplicativo, que faz os seus momentos de lazer serem muito raros. “Quem nasce pobre, não tem tempo de ficar sofrendo à toa porque é pedrada todo dia”, disse Davi em seu perfil no reality. Comprometido, o baiano namora uma mulher de 41 anos, seu primeiro relacionamento sério, e se identifica com mulheres maduras.
Isabelle - A manauara Isabelle Nogueira, de 31 anos, decidiu entrar no BBB 24 para levar ao programa a cultura de seu Amazonas. Formada em Letras, ela chegou a dar aulas, mas hoje trabalha como dançarina e influenciadora digital na sua região. Ela atua como cunhã-poranga, personagem do Boi Garantido, o vermelho, no Festival de Parintins, desde 2018. Na língua tupi-guarani, cunhã-poranga significa mulher bonita, que bem define Isabelle, com sua beleza e a forte ligação com a natureza e os povos originários do Brasil.
Mas a vida não foi só de alegria para a manauara, sobretudo na infância. Isabelle foi entregue aos cuidados de uma outra família. Sua mãe engravidou aos 13 anos e o pai, de 18 anos, não a assumiu, só a registrando um ano depois, quando a mãe a buscou de volta da família que tinha ficado com ela. Na infância, pegava três ônibus diariamente para poder estudar e, com 9 anos, já começou a trabalhar ajudando a avó a vender roupas na feira. Irmã de três irmãos (um, por parte de pai com quem tem pouco contato), ajudou também na criação dos filhos mais novos de sua mãe, Vittor, de 22 anos, e Sofia, de 12. “Na infância, que é uma fase de brincadeiras e diversão, eu tive que cuidar do meu irmão, estudar, fazer comida”.
Isabelle já foi Miss Manaus (2013), Rainha do Folclore (2014), Miss Amazonas Globo (2016), e Rainha do Peladão (2018). Por este último, ganhou R$ 30 mil pelo título, dinheiro que a ajudou a pagar dívidas. Pretende ganhar o BBB 24 para quitar dívidas e limpar seu nome. Caso se torne milionária, pretende bancar uma cirurgia que Jaqueline precisa fazer e custa cerca de R$ 10 mil; investir nos estudos da irmã; e abrir uma ótica com a família.
Matteus - Natural do Alegrette, município com pouco mais de 73 mil habitantes, no Rio Grande do Sul, o estudante de Engenharia Agrícola Matteus Amaral, de 27 anos, tem uma gentileza que contrasta com sua história de vida sofrida. Ele foi abandonado pelo pai quando sua mãe ainda estava grávida. Aos 5 anos de idade, já admirava o padrasto, novo companheiro da sua matriarca – que passou a ser sua figura paterna de referência. “Bonzinho” em muitos dos momentos de sua vida, Matteus se considera como alguém que é chorão – principalmente quando o assunto é sua família.
O gaúcho Precisou trancar a faculdade aos 18 anos para dar suporte em casa após sua tia, que é pessoa com deficiência auditiva, fraturar o fêmur em uma queda, e precisar passar por uma cirurgia de risco. Como o turno da graduação era integral e o procedimento médico era caro, o jovem tomou a decisão, na época. Hoje ele mora com a avó, Dona Neuza. “Minha vó é tudo para mim, me criou, me deu a base de tudo. Sempre foi uma pessoa que nunca foi turrona, de me obrigar a fazer as coisas. Me ensinou o que era certo e disse para eu valorizar as coisas simples da vida”, conta.
Ainda na infância, sofreu bullying na escola por conta do seu sotaque carregado e seu jeito tradicional de se vestir. Sua mãe o inscreveu no BBB para que perdesse um pouco da timidez. Sua vida pacata no campo reflete sua personalidade.Durante a pandemia da COVID-19, ele viralizou com um vídeo ao lado da avó, ultrapassando 1M de visualizações em uma rede social. “Fiz um post aleatório com a vó, cozinhando, como eu sempre faço, brincando. Postei e, do nada, meu celular começou a vibrar. Quando eu vi, de um dia para o outro, tinham 200 mil visualizações. Fiquei assustado, porque nunca tinha me relacionado com aquilo, ali”, relembra.