CONSCIENTIZAÇÃO

Audiência Pública marca a consolidação do Abril Laranja no Estado

Data busca conscientizar a respeito das amputações

O evento contou com a presença do fisioterapeuta protesista Tiago Bessa - Crédito: Sérgio Figueiredo

O auditório Sergio Guerra da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sediou hoje (16), pela manhã, uma audiência pública que marcou o início das comemorações pelo Abril Laranja, mês que celebra a conscientização e prevenção das amputações em todo o Estado. Proposta pelo deputado Kaio Maniçoba, a solenidade teve como objetivo apresentar propostas e orientações para amputados, buscando criar uma rede de apoio, facilitar a retomada das atividades diárias e promover tratamentos para a reabilitação.

O evento contou com a participação do fisioterapeuta protesista Tiago Bessa, especialista em conscientização e prevenção de amputações, líder da Ortopedia Boa Viagem, bem como dos médicos Marcelo Souza, ortopedista oncológico, e Tadeu Calheiros, oncologista pediátrico. Durante a audiência, foram abordadas questões relacionadas à inclusão social e à saúde dos amputados, destacando a importância do Abril Laranja, agora oficialmente reconhecido como parte do calendário de datas especiais de Pernambuco.

Para o deputado Kaio Maniçoba, autor do projeto de Lei que instituiu o Abril Laranja no estado, esta audiência representa um marco no fortalecimento da iniciativa. "Estamos dando um passo importante na conscientização e prevenção das amputações em Pernambuco. É essencial promover a inclusão e garantir o acesso a serviços de qualidade para todos os amputados do nosso Estado", afirmou o parlamentar. "Hoje vivemos o marco de uma nova era na reabilitação dos amputados pernambucanos", ressalta o fisioterapeuta Tiago Bessa.  

A campanha "Abril Laranja - de conscientização da amputação" é promovida nacionalmente pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec), ganha um novo impulso em Pernambuco. 

Amputações 

Dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) apontam que mais de 282 mil cirurgias de amputação de membros inferiores (pernas ou pés) foram realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro de 2012 e maio de 2023. A Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação atesta que o Brasil possui cerca de 500 mil pessoas amputadas.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade dos casos de amputações envolvem pessoas com diabetes, seguida por acidentes de trânsito e trabalhistas. No entanto, as cirurgias em membros inferiores podem também estar relacionadas a causas como o tabagismo, hipertensão arterial, idade avançada, insuficiência renal crônica, histórico familiar e pacientes com câncer ósseo.

Segundo os médicos, o diagnóstico precoce pode ser um grande aliado no tratamento. O Abril Laranja é fundamental para esclarecer que o processo de amputação não impede o paciente de seguir uma vida plena e feliz. Pessoas com qualquer tipo de deficiência encontram apoio material e de adaptação pelo SUS, o Sistema Único de Saúde. Os interessados em órteses, próteses ou meios auxiliares de locomoção, por exemplo, precisam em primeiro lugar procurar atendimento em uma unidade básica de saúde.

Em seguida, o paciente será encaminhado para um centro especializado em reabilitação. O fisioterapeuta Tiago Bessa alerta para os cuidados com a pele e feridas no paciente amputado, as funcionalidades pós-amputação, adaptações no lar e atividades de vida diária pós-amputação.

“Amputação causada pela diabetes ou decorrente de traumas e infecções são comuns, por isso, é necessário ressaltar a alta reincidência de amputação e os cuidados para evitá-la”, explicou Tiago.

O fisioterapeuta alerta também sobre a necessidade de um apoio psicológico. “O medo da dependência funcional enfrentado por muitos pacientes amputados pode gerar uma série de problemas psicológicos”, comenta Tiago. E o trabalho de reabilitação envolve várias áreas, justamente para trazer o paciente de volta a uma vida mais próxima do normal possível.