"Tomara que ele passe a bola para mim", diz Romário sobre jogar com o filho
Aos 58 anos, Baixinho vai voltar aos gramados para disputar algumas partidas do América, clube do qual é presidente e que tem Romarinho como atacante, na série A2 do Carioca
Quinze anos depois de se aposentar dos gramados, Romário surpreendeu o mundo nesta terça-feira com a notícia de que vai voltar a jogar profissionalmente. Aos 58 anos, ele está inscrito para disputar a Série A2 do Carioca pelo América, clube do qual é presidente desde janeiro.
A ideia não é disputar o campeonato todo, mas algumas partidas apenas, de uma a três, segundo ele. Para matar a vontade de vestir a camisa do time do coração e também realizar um sonho: o de atuar ao lado do filho, Romarinho, atacante de 30 anos contratado mês passado.
— Poucos atletas, jogadores de futebol, têm a chance, a honra, o privilégio de jogar ao lado do filho. E eu, aos 58, ainda estou super bem, pratico esporte, jogo futebol, malho... Estou me sentindo bem para jogar. Entendi que seria legal. Vai ser diferente, jogar com meu filho — explica Romário, que não preparou Romarinho para a novidade: — Foi surpresa para ele. Tá todo feliz.
O Baixinho ainda não sabe como será a dinâmica dessa jornada, precisa conversar com o treinador, Marcus Alexandre. Mas já vislumbra como será a parceria com o herdeiro.
— Tomara que ele passe a bola para mim, para eu continuar sendo artilheiro. Se bobear, eu vou fazer gol. Mas uma coisa eu sei que ele vai fazer por mim: correr. Eu, como sempre, vou ficar na área — afirma o craque, que responde com a costumeira sinceridade sobre quanto gás ainda tem para queimar: — Fisicamente, acho que não aguento jogar mais que um tempo. Mas como tem jogador aí que é muito burro, pode ser que eu aguente um jogo todo.
Romário garante que a ideia desse retorno não nasceu como uma jogada de marketing, para atrair patrocinadores — segundo ele, nada ainda foi fechado nesse sentido.
— Toda ação tem uma reação. O objetivo primeiro é o América. Sou o presidente, quero ajudar o clube. Segundo, o sonho de jogar com meu filho. Mas tomara que possa trazer patrocínio, seria perfeito — diz ele, que admite, porém, que pensou em outro "efeito colateral" de sua presença na área: — Criar essa expectativa nos torcedores, de mobilizar a torcida para ir aos jogos, de ver o Romário jogar, isso é importante para o time. Essa possibilidade de eu jogar agrega muito para minha história e para minha relação com o clube como presidente.
O baixinho assinou contrato e vai receber um salário mínimo, que automaticamente doará de volta ao clube. Ele reforça que o retorno à profissão que fez dele uma estrela mundial não vai atrapalhar seu trabalho como Senador da República: os jogos da Série A2 são quase todos aos sábados, às 15h, com a única exceção na 5ª rodada, que será numa quarta-feira, no mesmo horário.
— A expectativa é ser campeão, estamos fazendo tudo para isso. Eu que jogo hoje em dia futebol amador sei como é difícil ganhar um campeonato, imagina a Série A2 do Carioca. Mas vamos trabalhar para isso.
E quando Romário diz "vamos trabalhar" está incluindo aí algo que ele não gostava muito de fazer nos tempos áureos da carreira....
— Claro que vou treinar! Aquela história de "treinar pra quê" agora não dá mais. Com 58 anos, tem que treinar.