Dirigente do União Brasil é um dos alvos de mandado de prisão em operação contra o PCC
O advogado Dario Reisinger Ferreira é presidente municipal do União em Suzano; três vereadores de diferentes partidos foram presos
Um dirigente do União Brasil está entre os alvos de mandado de prisão na Operação Munditia, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo na terça-feira para investigar o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) em contratos com o poder público.
O advogado Dario Reisinger Ferreira é presidente municipal do União em Suzano, no interior paulista, e seu escritório de advocacia fica no mesmo endereço do órgão partidário. Ele é um dos 15 alvos de mandados de prisão temporária — dos quais 13 foram cumpridos.
Procurado, o partido disse que está verificando a situação. O MP não confirma se ele está foragido.
O principal alvo da operação é o empresário Vagner Borges Dias, aliado de Reisinger. Vagner é dono de uma série de empresas — ao menos sete estão formalmente ligadas a seu nome — e é acusado de integrar esquema que forjava concorrências para conquistar contratos públicos e “prestigiar interesses da facção criminosa PCC”.
O empresário é conhecido como “Latrell Brito”, codinome que ele utiliza também na carreira artística como pagodeiro. Vagner (ou Latrell) tem quase um milhão de seguidores no Instagram, mas apenas 371 ouvintes mensais na plataforma Spotify.
São investigados principalmente contratos de limpeza e de postos de fiscalização (vigilância em órgãos públicos), de acordo com as autoridades. Um deles, ainda sob análise se teve fraudes, foi firmado com o governo de São Paulo, mas o MP-SP não especificou qual secretaria foi responsável pela contratação.
Três vereadores foram presos: Ricardo Queixão (PSD-Cubatão), Flávio Batista de Souza (Podemos-Ferraz de Vasconcelos) e Luiz Carlos Alves Dias (MDB-Santa Isabel). E outros funcionários públicos: Fabiana de Abreu Silva, servidora da prefeitura da cidade de Cubatão, e o advogado Áureo Tupinambá, que atuou na defesa do traficante e líder do PCC André do Rap e também trabalhava no Legislativo do município.
Deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao MP-SP, a operação encontrou R$ 3,5 milhões em cheques, R$ 600 mil em espécie e 8,7 mil dólares nos 42 endereços alvo de busca e apreensão em cidades do estado na terça-feira.
A principal empresa do grupo movimentou mais de R$ 200 milhões em contratos públicos, diz ele. A investigação teve início a partir de uma suspeita de irregularidade em contratos de limpeza com a prefeitura de Guarulhos, em 2023. Mas o MP identificou a atuação comercial das empresas envolvidas no esquema a partir de 2009 e contratos com simulação de competição ao menos nos últimos cinco anos.