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Dois filhos do homem mais rico do mundo entram para conselho de império de luxo

Conselho do grupo de luxo LVMH, de marcas como Louis Vuitton, Tiffany e Sephora, vai votar o ingresso de dois novos membros, Alexandre e Fréderic Arnault, Fréderic Arnault, filhos de Bernard

Bernard Arnault com os filhos Alexandre e Frédéric Arnault - Reprodução/Instagram

Numa semana decisiva para o LVMH, de marcas icônicas como Louis Vuitton, Givenchy, Möet Chandon, Sephora e Tiffany, dois dos filhos do homem mais rico do mundo entraram para o Conselho de Administração na reunião anual do grupo. Nesta quinta-feira (18), os acionistas votaram para aprovar para os nomes de Alexandre Arnault, executivo sênior de 31 anos da Tiffany, e seu irmão Frédéric, de 29 anos, que foi recentemente nomeado diretor da LVMH Watches.

Homem mais rico do mundo, segundo a Forbes, com fortuna estimada em US$ 215,5 bilhões (mais de R$ 1 trilhão), o francês Bernard Arnault vem silenciosamente preparando sua sucessão no conglomerado de luxo. Alexandre recebeu 93,41% dos votos e Frédéric, 93,43% dos votos para ingressar no Conselho. A aprovação era dada como certa, já que o grupo familiar Arnault detém 48,6% do capital da LVMH e 64,3% dos votos.

"Tenho a maioria dos votos, então… " riu Bernard Arnault, pouco antes da votação.

Em 2022, o limite de idade para o cargo de executivo-chefe do grupo foi elevado para 80 anos - Arnault tem 75 anos. E, aos poucos, nos bastidores, ele vem preparando cuidadosamente para que seus cinco filhos possam no futuro liderar o império de luxo que Arnault construiu e que hoje é um conglomerado avaliado em quase € 400 bilhões (R$ 2,2 trilhões).

Alexandre Arnault, de 31 anos, é o "amigo das estrelas". Nascido em 1992, Alexandre é o primeiro filho do segundo casamento de Bernard Arnault com a pianista canadense Hélène Mercier. Ele começou a trabalhar na Telecom Paris, mas fracassou na tentativa de ingressar na Polytechnique, a mais famosa escola de engenharia dependente do Ministério da Defesa francês. Destemido, ele obteve o título de mestre em 2015.

Algum tempo depois, Alexandre passou a integrar o grupo familiar, assumindo a cogestão da Rimowa. Quem o conhece diz que desempenhou um papel fundamental na decisão do pai de adquirir aquela marca alemã de marroquinaria de luxo em 2016. Entre 2019 e 2021, substituiu o pai no conselho de administração do Carrefour, de onde saiu para assumir o cargo de vice-CEO da Tiffany. Em três anos de gestão, porém, Alexandre não conseguiu superar os resultados de seus dois principais concorrentes internacionais, Cartier e Van Cleff & Arpels.

 

A nível pessoal, Alexandre é conhecido por ser amigo de estrelas do showbusiness. Em sua conta do Instagram, ele aparece ao lado de Pharrell Williams, Beyoncé e Jay-Z.

Já Frédéric Arnault, de 29 anos, é o "pequeno gênio". Muitas vezes apresentado como o mais talentoso da família, Frédéric foi admitido na famosa École Normale Supérieure, embora tenha preferido a Polytechnique, para seguir os passos do pai. Formado, ele se juntou ao grupo familiar após uma passagem pela MacKinsey e pelo centro do Facebook para pesquisas de inteligência artificial.

Em 2017, ingressou na TAG Heuer para assumir atividades relacionadas a relógios inteligentes. Em 2020, assumiu a presidência da empresa. Em janeiro, Frédéric – que também é um excelente pianista e tenista – foi nomeado CEO da nova divisão de relógios da LVMH.

Caçula é único sem assento
Os dois filhos mais velhos de Arnault, frutos de seu primeiro casamento, já estavam no board: Delphine, de 48 anos, e Antoine, de 46 anos. Agora o conselho vai votar a entrada de mais dois: Alexandre, de 31 anos, e Fréderic, de 29 anos. Ou seja, a representação familiar no board vai dobrar, sendo que o caçula da família, Jean Arnault, de 25 anos, será o único dos herdeiros a ficar sem um assento.

"Ele tem tempo, é jovem" declarou Bernard Arnault, em janeiro.

O que está em jogo é a futura liderança do maior grupo de luxo do mundo, que abrange marcas da moda como Dior e Louis Vuitton, hotéis e a joalheria Tiffany & Co, em um momento em que o setor de luxo está enfrentando uma desaceleração após um boom sem precedentes no auge da pandemia de Covid.

Analistas e fontes ligadas ao grupo dizem que é muito cedo para dizer quem assumirá o comando do conglomerado, embora Delphine, a filha mais velha do bilionário, ocupe o posto mais alto dentro do grupo como executiva-chefe da Dior e membro do comitê executivo. Analistas citados pelo Financial Times apontam para possíveis cenários em que dois ou mais herdeiros poderiam administrar a empresa em conjunto.

Arnault, cuja família detém 48% do capital acionário da LVMH e 64% dos direitos de voto, busca evitar o destino de outras dinastias empresariais francesas, onde sucessões mal administradas afundaram fortunas.

O tamanho e a participação de mercado da LVMH também são um sinal de que a próxima geração de líderes do grupo precisará ser mais criativa para manter o crescimento. Até porque, no futuro, provavelmente não poderá mais contar com a China, que impulsionou a expansão do setor durante a maior parte da última década.

Segundo uma fonte próxima ao grupo afirmou ao "Financial Times", a unidade familiar é sagrada para Arnault, sendo assim, ''tudo é organizado em torno dela".

Delphine, executiva-chefe da Christian Dior, e Antoine, chefe de imagem e comunicação do grupo, assumiram seus cargos praticamente com a mesma idade. O filho mais novo de Arnault, Jean, é diretor de relógios da Louis Vuitton, e deve se juntar aos irmãos no conselho quando for um pouco mais velho.

Além da chegada ao conselho de dois herdeiros, outras mudanças devem ir a curso no comando da companhia. O diretor administrativo do grupo, Antonio Belloni, de 69 anos, deixará o cargo após 23 anos como braço direito de Arnault, sendo substituído por Stéphane Bianchi, diretor de relógios e joias da LVMH, que é um veterano em ajudar empresas a conduzir uma sucessão familiar e atuou com essa função no grupo de cosméticos Yves Rocher.

Novas funções desde o início de 2023
Três dos cinco filhos foram nomeados para novas funções no grupo e em suas holdings desde o início de 2023, incluindo a indicação de Delphine para chefiar a Dior, a segunda maior marca do grupo, em fevereiro do ano passado. À medida que a próxima geração avança, os colaboradores mais próximos do patriarca se afastam para facilitar o processo.