Sangue menstrual no rosto: influencer causa polêmica ao utilizar o líquido como máscara facial
Segundo especialista, não é um método comprovado cientificamente e causa riscos de infecção bacteriana
Uma mulher de 32 anos viralizou nas redes sociais ao compartilhar vídeos nos quais utiliza seu sangue menstrual como máscara facial. De acordo com Sarah Sol, é uma forma "pura e fresca" de buscar hidratação para a pele.
"Você quer o antigo segredo feminino para uma pele jovem e brilhante? Bem, agora você sabe qual é. Sai daí de baixo... bem entre suas pernas", escreveu a autodenominada educadora do ciclo menstrual e da cura do útero.
Nos comentários da publicação, muitas pessoas expressaram sua surpresa e até mesmo mencionam sentir nojo com o método escolhido pela influencer de 11 mil seguidores.
"Se isso sai de dentro de você, significa que seu corpo o não quer", afirmou um dos internautas.
Esta tendência, como a utilizada por Sarah, têm se popularizado desde o ano passado. Para as adeptas, o muco cervical misturado com sangue serve como um rejuvenescedor, ajuda na prevenção de rugas, além de deixar a pele macia e hidratada.
Prática não é recomendada
Segundo dermatologista Patrícia Ormiga, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro, em entrevista ao Globo, a utilização de sangue menstrual para máscaras faciais não é uma prática com bases científicas.
— Existem muitas lendas sobre o cuidado com a pele. Algumas funcionam de fato, outras não. Essa do sangue menstrual é uma delas que não existe estudo que mostre a eficácia e não há recomendações médicas — afirma a especialista.
Além disso, o sangue humano é suscetível a contaminação e proliferação de bactérias o que pode levar a danos na pele da paciente.
— Pode haver bactérias que, dependendo das lesões que a paciente tiver no rosto, como uma espinha, ou um simples machucado, entram no organismo, causam uma dermatite, infecções, e até outros desdobramentos mais graves — acrescenta Ormiga.
Tratamentos alternativos
Por outro lado, o sangue é sim utilizado em tratamentos alternativos, mas não aplicado diretamente no rosto. Alguns procedimentos estéticos feitos em consultórios clínicos, com o suporte de um profissional e que há comprovações que usem o sangue humano para uma melhora da pele.
A socialite Kim Kardashian, por exemplo, utiliza o chamado plasma rico em plaquetas, ou popularmente conhecido como lifting de vampiro, que consiste em retirar uma quantidade grande de sangue do braço e com a ajuda de uma máquina, esse plasma é tratado para retirar as plaquetas. Depois, com uma agulha bem fina, o conteúdo é colocado em todo o rosto. O procedimento é feito com uma pomada anestésica para suportar a dor.
Esta opção, por sua vez, é eficaz e tem comprovação médica, de acordo com o dermatologista Alan Ost. Ele ainda cita outros tratamentos que tem a ação do sangue humano como forma de tratar a pele com estudos científicos.
— Temos o microagulhamento, que é um rolinho com várias agulhas de diferentes tamanhos. O de 0,5 milímetros, por exemplo é superficial, não precisa de anestesia e trata a camada da pele mais superficial, a de dois milímetros impacta uma parte mais profunda e por isso precisa passar um anestésico 30 minutos antes do procedimento. As agulhas, em contato com a pele, resultam em um pequeno sangramento. Esse sangue é limpo, não tem contaminações e podemos deixar ele agir na pele de três a cinco minutos. Ele ajuda no rejuvenescimento da pele, cicatrização da acne, em rugas medias e profundas e a dilatar os poros — explica.
Ele ainda diz que há outros meios mais modernos como o chamado “laser de Tulio”. A técnica tem as mesmas finalidades do microagulhamento, mas em vez de usar agulhas, utiliza um laser indolor sobre a pele e tem um resultado mais potente, em menor tempo, além de uma recuperação mais tranquila.
Para os dois procedimentos, entretanto, é necessário o acompanhamento de um médico ou profissional especializado para indicar qual é a melhor opção de tratamento e, claro, fazer com todos os cuidados e higiene possível.