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Não há plano de retaliação imediata contra Israel, diz alto funcionário iraniano

Após o ataque, presidente do Irã comentou sobre a tensão no Oriente Médio, mas não mencionou as explosões registradas horas antes no país

Caminhão militar iraniano transporta partes de um míssil Sayad 4-B que passa por um retrato do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, durante um desfile militar - Atta Kenare / AFP

O Irã não tem um plano de retaliação imediata contra Israel, disse um alto funcionário iraniano à agência Reuters nesta sexta-feira, horas após fontes afirmarem que Tel Aviv lançou um ataque contra Teerã. Sob condição de anonimato, foi dito que “a fonte estrangeira do incidente ainda não foi confirmada”, e que “a discussão tende mais para infiltração do que para um ataque”. Ainda segundo a Reuters, um analista iraniano disse à TV estatal que os drones abatidos pelas defesas aéreas em Isfahã foram pilotados por “infiltrados de dentro do Irã”.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, realizou um discurso sem mencionar as explosões registradas poucas horas antes no país — que fontes do governo atribuíram a Israel. Diante de uma multidão reunida na cidade de Damghan, no nordeste do país, Raisi citou brevemente o contexto de tensão no Oriente Médio, após Teerã ter disparado mais de 300 drones e mísseis contra o território israelense no último sábado, um ataque retaliatório em resposta ao bombardeio da embaixada iraniana em Damasco, também atribuído a Israel. A operação, afirmou, refletiu a “autoridade” e a “vontade ferrenha de nosso povo e a nossa unidade”.
 

Fontes de alto escalão do governo dos Estados Unidos, citadas pela imprensa internacional, atribuíram o ataque registrado perto da cidade de Isfahã a Israel. O porta-voz da agência espacial iraniana, no entanto, disse que “as informações da mídia americana não são corretas”. Hossein Dalirian ressaltou que “até o momento não aconteceram ataques de fora das fronteiras contra Isfahã ou outras partes do país”. O comandante do Exército, Abdolrahim Mousavi, afirmou que a explosão desta madrugada “foi relacionada com o disparo de sistemas de defesa antiaérea contra um objeto suspeito que não provocou nenhum acidente ou dano”.

A informação de que Tel Aviv lançou um ataque contra o território iraniano foi confirmada por duas autoridades militares israelenses, segundo o New York Times. Os funcionários falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a discutir o assunto publicamente. O governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já havia afirmado que conduziria uma resposta militar ao Irã após os ataques realizados no fim de semana, apesar dos pedidos de cautela emitidos por representantes internacionais. De acordo com a AFP, os Estados Unidos receberam aviso prévio da ofensiva, mas não endossaram a operação nem tiveram participação em sua execução.