celebridades

Namoro com uma tenista, vício em comida: atriz Rebel Wilson se entrega em livro de memórias

Australiana, famosa por papéis em "A escolha perfeita 3" e "As Trapaceiras", conta ainda que perdeu virgindade aos 35 anos e teve primeiro orgasmo (sozinha) aos 39

Em "Rebel rising", Wilson detalha sua luta contra o vício em comida e escreve com uma franqueza desconcertante sobre episódios íntimos de sua vida - Reprodução/Instagram

Há cerca de cinco anos, quando tinha 39, a atriz Rebel Wilson enfrentou um dilema. Depois de uma sequência de sucessos, com os quais faturara US$ 20 milhões por seus papéis cômicos em "A escolha perfeita 3", "Megarromântico" e "As Trapaceiras", ela consultou um médico especialista em fertilidade que a deixou cheia de dúvidas.

Este sugeriu que o peso dela — 102 quilos, na época — poderia dificultar a retirada de óvulos viáveis. Depois da consulta, ela ficou arrasada, ligou para seu agente e informou que planejava ficar mais saudável, mas ele não ficou muito entusiasmado.

— A agência gostava de mim gorda porque recebia centenas de milhares de dólares em comissão por cada filme em que eu interpretava a garota gorda e engraçada — escreve ela em seu novo livro de memórias, "Rebel rising".

Ela temia que perder peso pudesse colocar em risco seu "nicho multimilionário".

Em "Rebel rising", recém-lançado pela Simon & Schuster, Wilson detalha sua luta contra o vício em comida e escreve com uma franqueza desconcertante sobre episódios íntimos de sua vida. Criada em um subúrbio de Sydney, na Austrália, a mais velha de quatro filhos, ela teve uma infância pouco convencional: sua família tinha uma empresa de produtos para animais de estimação e criava beagles para exposições, e Wilson teve seu primeiro contato com o mundo do espetáculo como adestradora de cães júnior aos 8 anos.

O sucesso não veio com facilidade. Wilson foi rejeitada cinco vezes no Instituto Nacional de Arte Dramática da Austrália e fez testes para quase 30 papéis em Hollywood antes de ser escalada para a comédia "Missão madrinha de casamento", de 2011, atuação que marcou o início de sua carreira cinematográfica.

O livro de memórias já gerou controvérsias, especialmente seu relato sobre a produção da comédia "Irmão de espião", de 2016, com Sacha Baron Cohen. Wilson escreve que, durante as filmagens, Baron Cohen a deixou desconfortável ao pedir que aparecesse nua no filme (em vez disso, eles contrataram um dublê de corpo). Ela também alega que o ator a incentivou, quando estavam filmando uma cena de sexo, a enfiar o dedo no traseiro dele, o que ela se recusou a fazer, enquanto outras pessoas que estavam presentes filmavam o encontro com seu celular.

Por meio de um representante, Baron Cohen negou o relato de Wilson. "Embora apreciemos a importância de se manifestar, essas alegações comprovadamente falsas são diretamente contrariadas por extensas provas detalhadas, incluindo documentos da época, filmagens e relatos de testemunhas oculares presentes antes, durante e depois da produção de 'Irmão de espião'", diz o comunicado.

Intimidade

Há também revelações incrivelmente pessoais em "Rebel rising". Wilson escreve sobre o fato de ter perdido a virgindade aos 35 anos e de ter tido seu primeiro orgasmo (sozinha) aos 39. Detalha seu relacionamento romântico secreto com uma jogadora de tênis profissional, sua experiência de conhecer sua noiva, a empresária da moda Ramona Agruma, e se apaixonar por ela, e de usar uma barriga de aluguel para ter um bebê.

Em uma entrevista recente no centro de Manhattan, Wilson falou sobre como a perda de peso afetou sua carreira e sua imagem pública, como os beagles de sua família podem tê-la levado a se dedicar à atuação e como uma alucinação febril a levou a Hollywood.

Esta entrevista foi editada e condensada para maior clareza.

No primeiro capítulo, você escreve sobre seu medo de que o emagrecimento prejudicasse sua carreira. Você teve alguma repercussão negativa ou reações adversas à perda de peso?

Algumas pessoas pensaram: "Ah, não achamos mais que ela seja engraçada." Ou: "Agora ela me perdeu como fã porque não consigo mais me identificar com ela." Mas acho que se elas lerem o livro vão entender minha jornada com o peso e a saúde. É claro que gosto muito de doces. Esse é meu vício. E em momentos de estresse eu lidava com isso comendo. Acho que isso nunca, nunca vai desaparecer.

Quais partes do seu livro de memórias lhe dão mais ansiedade?

A parte sobre perder minha virgindade aos 35 anos. Isso era algo que absolutamente ninguém sabia. E me questionei se deveria colocar isso no livro. Mas depois pensei: "Talvez haja outras pessoas por aí que tenham tido um crescimento tardio e que possam encontrar consolo nesse fato sobre mim." Porque, na verdade, não havia nada de estranho ou errado comigo. Foi só isso: cresci em um ambiente muito cristão, não quis um relacionamento e me concentrei na minha carreira. E então pensei: "Quer saber? Se estou fazendo um livro de memórias e escrevendo sobre tudo, vou colocar isso aqui também."

Você escreve no livro que não contou nem a Mickey Gooch Jr., seu ex-namorado, que ele foi seu primeiro.

Bom, ele foi a primeira pessoa a ler o livro. Portanto, agora ele sabe.

Você descreve seu relacionamento romântico com uma jogadora de tênis profissional, o que gerou muita especulação sobre quem ela é. Você se preocupou com a possibilidade de expor essa pessoa ou colocar em risco a privacidade dela?

Há alguns rumores sobre quem é. Mas acho que ninguém adivinharia. E não quero que sua privacidade seja violada por meu livro de memórias.

Mas é uma parte importante de sua história – a descoberta de que você sentia atração por mulheres.

Sim. Pensei: "Você não pode simplesmente começar a namorar uma mulher da noite para o dia." Talvez eu não estivesse em um relacionamento com Ramona se não tivesse conhecido a jogadora de tênis. Acho que isso abriu meu coração para namorar uma mulher.

Provavelmente, as maiores manchetes sobre o livro até agora foram sua descrição do trabalho com Sacha Baron Cohen, que, segundo você, a humilhou no set. Ele contestou seu relato e, recentemente, o The Daily Mail publicou uma filmagem da cena que não entrou no filme e que mostra vocês atuando juntos como personagens na cena de sexo. O que você acha da resposta dele?

Tenho certeza de que nunca vão divulgar a filmagem do iPhone em que ele me pede que eu lhe enfie um dedo na bunda e digo: "Não, por que você está fazendo isso? Por que está me pedindo que eu faça isso? Onde está o diretor?" É claro que não vão liberar essa filmagem.

Qual é sua resposta à negação dele?

Conhecendo seu caráter, eu obviamente já esperava isso. Eu sabia que ele não aceitaria isso sem reagir. Não quero cancelar ninguém, mas é parte da minha história. É meu livro de memórias, e tenho o direito de escrever sobre o que aconteceu comigo e como isso fez com que eu me sentisse.

Há algumas histórias deliciosamente peculiares de sua infância, como a de que sua mãe criava beagles na garagem e fazia testes para comerciais e programas de TV. Eu me perguntei se esses beagles foram parte do motivo pelo qual você entrou na indústria do entretenimento.

De certa forma, sim, porque eram as estrelas da família. Eles tinham agentes. Meu primeiro trabalho na TV foi um programa chamado "Burke's Backyard", na Austrália. Os cães apareciam, e eu ficava em segundo plano, quando era criança. Comecei a gostar de musicais porque uma cadela nossa tinha feito um teste para "Rua 42" e não conseguiu o papel, e minha mãe queria muito saber qual animal tinha sido aprovado. Depois, aos 14 anos, fui assistir a uma coisa chamada "musical" e pensei: "Nossa, isso é muito legal." Se não fossem os cães, eu nunca teria tido essa experiência. Mas houve muitos momentos em minha infância em que eu me ressenti dos cães, porque eles eram as estrelas e recebiam muito amor e atenção que eu gostaria de ter recebido.

Você também escreveu sobre uma experiência estranha que a inspirou a se dedicar seriamente à atuação, quando estava morando na África do Sul, contraiu malária e teve uma visão.

Foi literalmente uma alucinação de que eu era atriz e tinha ganhado um Oscar. Isso mudou toda a minha trajetória de vida. Quando algumas pessoas perguntavam "Mas como você continuou?" ou "Você sempre pareceu ter essa autoconfiança", eu respondia: "Porque vi isso acontecer." Eu me apeguei a isso, apesar das constantes rejeições e do começo difícil no teatro, me apresentando para dez pessoas na plateia. Mas vi que seria bem-sucedida. E, ao vir para os Estados Unidos, quero dizer, as chances de sucesso no ramo do entretenimento, primeiro no meu país e depois em Hollywood, eram mínimas. Acho que teria sido mais fácil eu virar jogador de basquete profissional, se fosse homem. São milhões e milhões para um, mas eu achava que era única. Há muitos atores australianos que são muito melhores do que eu e não chegaram até aqui. Talvez porque não tenham contraído malária. Não tiveram aquela visão causada pela malária.