Líder do governo na Câmara diz que PEC que turbina ganhos de juízes e promotores "quebra o país"
Em meio à crise com o Congresso, presidente reuniu ministros do núcleo político e lideranças parlamentares
Após uma reunião de quase três horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta sexta-feira, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a eventual aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece a volta do quinquênio, benefício dado a juízes e promotores a cada cinco anos, "quebra o país". O benefício geraria um ganho de 5% do salário, e seria pago a cada cinco anos de serviço público, até o limite de 30%.
— Se essa PEC seguir, ela vai quebrar o país e os estados. Não tem o menor fundamento, na minha opinião. O presidente não falou sobre isso, é opinião minha. Essa PEC não pode, ela quebra fiscalmente o país, não sei como Senado aprovou isso — disse Guimarães.
Participaram da reunião, além de Lula e Guimarães, os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Comunicação Social), e os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
Guimarães afirmou que o conflito entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Padilha "não foi tratado" na reunião.
— O Padilha está disposto a conversar com Lira.
Para o líder do governo, a votação sobre a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco, atrapalhou a pautra da Câmara.
— O que aconteceu essa semana foi a pauta, desde a votação do Brazão, mas tudo dentro da normalidade. Nada que signifique crise com governo.
Guimarães também defendeu que sempre é preciso ter sintonia com o presidente da Câmara. Indagado se haveria essa sintonia no momento, respondeu:
— Precisa só fazer um consertinho aqui, um consertinho acolá, mas nada que atrapalhe a nossa vontade. E o presidente Lira tem tido essa vontade.
O líder do governo na Câmara afirmou que as prioridades da votação da próxima semana serão o projeto que estabelece o fim gradual do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e a apresentação dos projetos de regulamentação da reforma tributária
— O central do governo é apressar a regulamentação da reforma tributária e votar o Perse.