Guerra

Ministro rompe silêncio oficial com crítica a ataque de Israel ao Irã e é alvo de críticas

Itamar Ben Gvir, líder da extrema direita israelense, foi censurado por opositores e analistas por se antecipar ao anúncio oficial do governo e expor país

Itamar Ben-Gvir, durante visita a um mercado de Jerusalém - Menahem Kahana/AFP

Em meio ao silêncio das autoridades de Israel sobre o ataque a alvos na cidade de Isfahã, no Irã, uma publicação com apenas uma palavra rompeu o distanciamento oficial do governo israelense da ação ofensiva. O ministro da Segurança Nacional e líder da ala radical do governo do premier Benjamin Netanyahu, Itamar Ben Gvir, pareceu criticar a retaliação israelense — sendo condenado pela oposição e pela opinião pública.

O posicionamento de Ben Gvir veio em apenas uma frase, publicado em sua conta no X (antigo Twitter). O ministro escreveu a expressão hebraica "Dardaleh!", uma gíria comumente utilizada em campos de futebol para se referir a um chute fácil de defender. Pode ser traduzido como "fraco". A soma do significado e do momento da publicação, pouco após a confirmação de explosões no Irã, rapidamente foi associado ao contexto da retaliação, o que motivou críticas.

Analistas são quase unânimes em afirmar que a resposta de Israel foi cuidadosamente pensada para evitar uma escalada regional e uma guerra direta com o Irã. Esse foi um pedido repetido por aliados estratégicos do país, como os EUA, que desagradou as alas mais reativas e radicais da política interna, que defendiam uma resposta decisiva, independentemente do custo imediato. É o caso de Ben-Gvir, que dias atrás pediu um "ataque esmagador".

O comentário após no ataque, porém, em um momento em que nem o Exército e nem o governo de Israel respondem a comentários sobre as explosões oficialmente — apenas por meio de interlocutores anônimos — foi duramente criticado.

O ex-premier e líder da oposição, Yair Lapid, acusou Ben-Gvir de atentar contra a segurança de Israel, em meio à delicada disputa com o Irã.

"Nunca antes um ministro causou tanto dano à segurança do país, sua imagem e seu status internacional", escreveu o líder da oposição Yair Lapid, também no X. "Em um tuíte imperdoável de uma palavra, Ben Gvir conseguiu zombar e envergonhar Israel de Teerã a Washington."

Shaiel Ben-Ephraim, acadêmico e apresentador de um podcast sobre geopolítica, disse que Ben Gvir, ao ridicularizar, confirmou que a operação contra o Irã partiu de Israel. "Ao fazer isso, ele mina o poder de dissuasão de Israel. Uma absoluta desgraça para um ministro", escreveu.