Defesa de mulher que levou idoso a banco diz que ela era dependente de hipnóticos e teve depressão
Paulo Roberto Braga, de 68 anos, morreu por broncoaspiração, após um engasgo; não foi possível precisar a hora da morte
No pedido de liberdade provisória de Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, a defesa apresentou um laudo médico, de 2022, justificando que ela já havia passado por acompanhamento psiquiátrico. No laudo, havia a hipótese de que a mulher era dependente de hipnóticos e tinha depressão.
O documento foi apresentado ao Juízo de Custódia de Benfica, na quinta-feira, mas não foi suficiente para reverter a prisão temporária em preventiva. Atualmente, ela aguarda transferência para o Instituto Penal Djanira Dolores de Oliveira, em Bangu, e a defesa tenta a revogação da prisão.
Érika foi presa na última terça-feira, após ser flagrada em um banco tentando retirar um empréstimo de R$ 17 mil com Paulo Roberto Braga, de 68 anos, que, naquele momento, estava morto. Uma funcionária da agência filmou o crime, caracterizado como vilipêndio de cadáver e furto mediante fraude.
Tanto no pedido de relaxamento de prisão, quanto no de revogação da pena, há também a argumentação de que Érika é mãe de uma adolescente de 14 anos, "totalmente incapaz, em razão de um retardo no desenvolvimento fisiológico normal". A defesa da mulher destaca que a prisão domiciliar atende situações em que o preso é responsável por uma pessoa com deficiência.
Além disso, há o reforço de que Érika "é primária, possui bons antecedentes e reside há mais de 10 anos no mesmo local, não havendo qualquer indício de que buscaria se livrar de eventual sanção penal, se condenada".
Relembre o crime
Érika chegou ao banco com Paulo Roberto Braga, de 68 anos, numa cadeira de rodas. Funcionários desconfiaram quando viram que o homem não reagia e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Segundo o laudo de necrópsia, Paulo Roberto morreu entre 11h30 e 14h30 de terça-feira — às 15h, o Samu confirmou o óbito. O idoso foi levado, neste dia, por Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, para retirar um empréstimo de R$ 17 mil em uma agência bancária, onde, aparentemente, ele já chegou sem vida.
A conclusão do perito que assinou o documento é de que "não há elementos seguros para afirmar, do ponto de vista técnico e científico, se o Sr. Paulo Roberto Braga faleceu no trajeto ou interior da agência bancária, ou que foi levado já cadáver à agência bancária".
O laudo também expõe que Paulo Roberto estava "previamente doente, com necessidades de cuidados especiais". À polícia, Érika se apresentou como cuidadora do idoso, além de apontar ser prima ou sobrinha de consideração dele.
"Os fatos não aconteceram como foram narrados. O Paulo chegou à agência bancária vivo. Existem testemunhas que no momento oportuno serão ouvidas. Ele começou a passar mal e depois teve todos esses trâmites. Tudo isso vai ser esclarecido. Acreditamos na inocência da senhora Érika", disse a advogada Ana Carla de Souza Correa, que defende Érika.