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Em crise com Congresso, Lula cobra ministros: Alckmin tem que ser mais ágil, e Haddad, ler menos

Presidente diz que Alckmin precisa ser mais "ágil" e Rui Costa e Wellington Dias conversarem mais com as bancadas

Presidente Lula falou sobre os desafios de fazer política em um governo que é minoria no Congresso Nacional - Evaristo Sá/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de seus ministros mais articulação com o Congresso Nacional nesta segunda-feira. Em anúncio da área econômica no Palácio do Planalto, Lula citou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem que passar mais tempo na Câmara e Senado "em vez de ler um livro".

Durante seu discurso em cerimônia do Programa Acredita, o chefe do Executivo falou sobre os desafios de fazer política em um governo que é minoria no Congresso Nacional. Lula disse que o cenário pede mais agilidade do Planalto.

— Isso significa que o Alckmin tem que se mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington (Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social) o Rui Costa (da Casa Civil), passar maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B — declarou o presidente.

Reuniões com Lira e Pacheco
Diante do agravamento da crise com o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu em almoço no Palácio do Planalto com ministros do núcleo político e líderes do governo nesta sexta-feira que vai marcar, na próxima semana, reuniões com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A ofensiva para tentar melhorar a relação com os parlamentares deve incluir ainda reuniões do presidente com os vice-líderes do governo na Câmara e no Senado. No grupo, estão deputados e senadores de partidos aliados como MDB, PSD, PSB, União e PP. Assim, os encontros seriam uma forma de ampliar o contato direto de Lula com a base congressista.

Na reunião desta sexta-feira, que durou quase três horas, Lula foi informado que há grande chance de que o governo sofra novas derrotas no Congresso na semana que vem. A expectativa dos líderes é que o corte de R$ 5,5 bilhões das emendas de comissão e o veto ao trecho da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) que estabelecia um cronograma para o pagamento de emendas sejam derrubados.

Também há uma avaliação que o veto de Lula ao trecho da lei que limita a “saidinha de presos” também será derrubado. O entendimento, porém, é que o Congresso pode decidir não colocar esse veto em votação na próxima semana.

O presidente e seus auxiliares definiram ainda que vão fazer uma mobilização para impedir a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece a volta do quinquênio, benefício dado a juízes e promotores a cada cinco anos com aumento de 5% do salário. Pelo plano traçado, governadores, inclusive de oposição, serão procurados para serem convencidos a atuarem contra o texto com o argumento de que o benefício poderia afetar os cofres estaduais e gerar efeito cascata sobre o salário de servidores.

Mas o entendimento entre os líderes é que a PEC, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta semana, não passaria no plenário da Casa.