Médicos de Gaza salvam bebê por meio de cesárea
O conflito começou após o ataque do grupo palestino Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, no qual combatentes islamistas mataram cerca de 1.170 pessoas e raptaram 250
Médicos palestinos conseguiram salvar um bebê realizando uma cesárea de emergência em sua mãe, que chegou morrendo a um hospital de campanha na Faixa de Gaza, devastada pela guerra com Israel.
Sabreen al Sakani chegou ao serviço de emergência com ferimentos graves na cabeça e na barriga após um bombardeio israelense que atingiu a casa de sua família em Rafah, no sul da Faixa, disseram testemunhas à AFP.
"Foi um milagre ela estar viva, apesar das dificuldades respiratórias", explicou Sahib al Hams, cirurgião e diretor do Hospital do Kuwait, também em Rafah.
Ao examiná-la, os médicos perceberam que ela estava grávida e decidiram realizar imediatamente uma cesárea.
"A mãe morreu dez minutos depois", disse o doutor Al Hams, acrescentando que o pai e a irmã mais velha do bebê também morreram.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 19 pessoas morreram neste bombardeio.
O bebê foi transferido sem demora para a unidade pediátrica do hospital de campanha dos Emirados.
"Nós a colocamos rapidamente em uma incubadora, demos oxigênio e antibióticos", explicou Haidar Abu Snimeh, responsável por esta estrutura criada em dezembro de 2023 diante da crise humanitária sofrida pelo enclave palestino pela guerra.
O hospital informou nesta terça-feira que o bebê estava em condição estável. Segundo a mídia local, pesa menos de dois quilos e sua mãe estava no sétimo mês de gestação.
É uma façanha que tenha nascido viva
A mídia também indicou que a menina será acolhida pelo tio.
"É uma façanha que a menina tenha nascido viva, apesar das circunstâncias", disse o doutor Abu Snimeh, que explicou que quando uma mulher grávida não consegue respirar, o feto carece de oxigênio.
Imagens do parto foram amplamente compartilhadas nas redes sociais na segunda-feira. Foram filmadas por jornalistas palestinos, uma vez que as autoridades israelenses não autorizaram a entrada da imprensa internacional na Faixa de Gaza desde o início da sua ofensiva militar massiva, há mais de seis meses.
Desde o início da guerra, foram registrados alguns nascimentos semelhantes no pequeno enclave palestino. Em 21 de outubro, Mecca Abu Chamalah nasceu de uma cesárea após a morte de sua mãe, que ficou gravemente ferida em um ataque aéreo contra a sua casa em Rafah.
O rótulo de sua incubadora dizia: "Bebê da mártir Dareen Abu Chamalah".
O conflito começou após o ataque do grupo palestino Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, no qual combatentes islamistas mataram cerca de 1.170 pessoas e raptaram 250, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza, governada desde 2007 pelo movimento islamista classificado como organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
A operação militar já deixou 34.183 mortos, segundo o Ministério da Saúde, no estreito território de cerca de 2,4 milhões de habitantes.
Os bombardeios israelenses deixaram grande parte da Faixa em ruínas.
Segundo a ONU, 1,5 milhão de palestinos, a maioria deles deslocados, estão aglomerados em Rafah, onde sobrevivem sob a ameaça de uma ofensiva militar israelense.