Prêmio Jabuti veta inteligência artificial e vai premiar poeta estreante
No ano passado, obra ilustrada por IA foi desclassificada; mudanças foram anunciadas nesta quinta-feira (25) e prêmios de livros de saúde, educação e negócios
A partir deste ano, o Prêmio Jabuti vai vetar obras produzidas por inteligência artificial e premiar poeta estreante e livros de saúde e bem-estar, educação e negócios. No ano passado, uma edição de “Frankenstein” foi incluída entre os finalistas na categoria Ilustração e posteriormente desclassificada devido ao uso de IA na confecção das imagens.
A proibição à IA foi incluída no regulamento. O texto afirma que só podem ser inscritas na premiação obras que "não tenham utilizado recursos de inteligência artificial, com exceção dos casos cujo propósito seja de citação a título de exemplo, estudo, debate ou crítica".
Curador do prêmio, Hubert Alquéres disse que o veto à inteligência artificial se justifica pela ausência de regulamentação do uso da tecnologia no Brasil. No entanto, ele reforçou que obras que tratem do tema são bem-vindas.
As mudanças foram anunciadas em coletiva de imprensa realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) nesta quinta-feira (25). A categoria “Escritor Estreante — Poesia” integra o eixo Inovação, que também engloba os troféus de Fomento à Leitura e Livro Brasileiro Publicado no Exterior. Já as outras três categorias estreiam no eixo Não Ficção.
Em 2023, o Jabuti lançou a categoria Escritor Estreante, reservada a autores de romances. O vencedor foi Paulo Fehlauer, autor de “Extremo oeste”. Alquéres afirmou que, no ano passado, a categoria Poesia foi a que contou com mais livros inscritos, boa parte deles de autores inéditos. Por esse motivo, a curadoria decidiu criar um troféu para poetas estreantes.
A poesia é um dos gêneros mais prestigiados no Jabuti. Nos últimos quatro anos, o prêmio de Livro do Ano (o mais cobiçado) foi para poetas em três ocasiões: em 2020 (“Solo para vialejo”, de Cida Pedrosa), 2022 (“Também guardamos pedras aqui”, de Luiza Romão) e 2023 (“Engenheiro fantasma”, de Fabrício Corsaletti).
Novas categorias
Segundo o curador, as novas categorias do eixo Não Ficção foram criadas após um levantamento realizado pela CBL apontar o crescimento da publicação de livros de saúde e negócios no Brasil. Durante e após a pandemia, verificou-se uma explosão de títulos sobre saúde mental.
— Criamos as categorias Saúde e Bem-Estar e Negócios para descobrir os novos talentos que escrevem livros nessas áreas no Brasil — explicou Alquéres. — Os livros de educação são muito caros à CBL. Sempre repetimos que a educação é fundamental para o nosso desenvolvimento. Então, resolvemos criar a categoria para sinalizar que nossa preocupação com o tema não fica só no discurso, mas é também prática.
Na categoria Saúde e Bem-Estar, poderão ser inscritas obras que tratam de temas relacionados à promoção e manutenção da saúde física e mental; Educação contempla títulos de pedagogia, psicologia educacional e áreas afins; e Negócios engloba livros sobre gestão, liderança, empreendedorismo, marketing, carreira e desenvolvimento pessoal.
Saúde e Bem-Estar, Educação e Negócios ocupam o lugar que até o ano passado era ocupado pelas categorias Ciências, Ciências Humanos e Ciências Sociais, agora contempladas no Prêmio Jabuti Acadêmico, anunciado em janeiro.
A premiação acadêmica, no entanto, inclui categorias próximas as três anunciadas hoje, como Saúde Coletiva e Serviço Social, Psicologia e Psicanálise e Administração de Empresas Públicas e Privadas. A curadoria explica que livros voltados para um público mais amplo devem ser inscritos no Jabuti; já obras mais técnicas serão contempladas pelo prêmio acadêmico, que deve ser realizado em agosto.
As inscrições para o 66º Prêmio Jabuti abriram nesta quinta (no site da CBL) e se encerram em 13 de junho. A Personalidade Literária do ano, que será homenageada na cerimônia, será anunciada em agosto. A entrega dos troféus deve ocorrer em novembro.
Os vencedores de cada categoria levam para a casa a cobiçada estatueta do Jabuti e R$ 5 mil reais. Já autor do Livro do Ano (escolhido entre os premiados nas categorias dos eixos Literatura e Não Ficção) ganha R$ 70 mil e uma viagem para a Feira do Livro de Frankfurt, o maior balcão de negócios do mercado editorial no mundo. O objetivo é ajudar na internacionalização da obra do vencedor.