CINEMA

Diretor francês Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro, morre aos 63 anos

Cineasta ganhou prêmio principal do Festival de Cannes por ''Entre os muros da escola'' (2008)

Laurent Cantet venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo trabalho em "Entre os muros da escola" (2008) - Reprodução

Faleceu nesta quinta-feira (25), aos 63 anos, o cineasta francês Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo trabalho em "Entre os muros da escola" (2008). A informação é do jornal francês Libération.

Cantet ficou marcado por um cinema engajado e de preocupação social, com um olhar particular sob a juventude na França. O cineasta fez sua estreia em longas, em 1997, com o drama "Les sanguinaires". Nos anos seguintes, se destacou com "Recursos humanos" (1999), "A agenda" (2001) e "Em direção ao sul" (2005).

Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, "Entre os muros da escola" marcou a trajetória do cineasta, que retrata a rotina de um professor em uma escola de um bairro da periferia de Paris. Ao anunciar a Palma de Ouro para o longa, Sean Penn, presidente do júri de Cannes naquele ano, afirmou: "uma Palma para a humanidade, um filme extraordinário".

Em seu último trabalho, "@Arthur Rambo — Ódio nas redes" (2021), o cineasta jogou uma luz sob a cultura do cancelamento e explorou o discurso de ódio nas redes sociais.

— Quis falar sobre o espaço que as mídias sociais podem ocupar em nossa vida. Nós usamos muito, mas não pensamos realmente na maneira como as usamos — destacou Cantet em entrevista ao GLOBO em 2022. — Acho que o que mais me assusta é a forma como as redes simplificam nossa maneira de pensar. Você tem que ser o primeiro a reagir, tem que ser aquele que encontrará a boa piada, deve ser o mais provocador se quiser ser apreciado. Isso construiu uma forma de pensar que me assusta mais do que a própria violência presente nas redes.

Fã do Cinema Novo, Laurent Cantet, visitou o Brasil inúmeras vezes. Familiarizado com o subúrbio francês e uma população muitas vezes excluída das áreas mais nobres, o cineasta confessou ser particularmente fascinado pela realidade brasileira com “extremos coexistindo lado a lado”, com espaços em que a desigualdade social está escancarada diante de todos.