Morre o crítico de cinema Ely Azeredo, criador da expressão Cinema Novo, aos 94 anos
Causa da morte ainda não foi revelada; velório será neste sábado (27), no cemitério São João Batista, em Botafogo
Morreu nesta quinta-feira (25) o crítico de cinema Ely Azeredo, aos 94 anos. A causa da morte ainda não foi informada, mas ele enfrentava complicações pulmonares. Ely foi o crítico que por mais tempo deu voz ao famoso "bonequinho", do Globo. O velório será neste sábado (27), no cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio.
Ely Azeredo publicou seu primeiro texto em 1949, na coluna do crítico Oswaldo de Oliveira, no jornal "A Noite". Teve artigos publicados na Gazeta de Notícias e no jornal O Fluminense. O crítico Moniz Vianna, do Correio da Manhã, era uma de suas referências. Ely também escreveu no Jornal do Brasil e na Tribuna da Imprensa, além de ter sido editor da revista Filme Cultura.
Na primeira metade dos anos 1960, ele viu o nascimento de um estilo cinematográfico no Brasil, inspirado no neorrealismo italiano. Tratou de batizá-lo em sua coluna: Cinema Novo. Era o movimento encabeçado por nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman.
Em sua coluna no Globo, o cineasta Cacá Diegues já destacou a importância do crítico e de suas "provocações construtivas".
"Ely foi o mais moço de uma geração de críticos, fundamental para a formação de uma cultura cinematográfica no Brasil. Embora, nem sempre concordasse com nossas ideais e filmes, ele foi muito importante na formação de aspectos do pensamento do Cinema Novo, com provocações construtivas. Foi um dos críticos brasileiros que melhor definiram a Nouvelle Vague francesa", escreveu Diegues.
"Ely pertenceu a uma geração de ouro da crítica de cinema no Brasil. A percepção aguçada, o rigor de análise, a defesa do cinema como arte maior, faziam dele um crítico de destaque junto aos colegas. O amor por luminares do cinema moderno como Bergman e Antonioni diz bem de seu olhar afinado as novidades de seu tempo" lembra Hernani Heffner, gerente da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM).