AVALIAÇÃO

EUA dizem que Exército de Israel cometeu ''várias violações de direitos humanos'' antes da guerra

Governo americano agora estuda possibilidade de restringir assistência militar a uma das cinco unidades envolvidas; casos teriam ocorrido na Cisjordânia

Foguete disparado de dentro de Gaza - Jack Guez/AFP

Os Estados Unidos anunciaram, nesta segunda-feira (29), que cinco unidades das Forças Armadas de Israel cometeram “graves violações de direito humanos” antes do início da guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do último ano.

Os casos teriam ocorrido contra palestinos na Cisjordânia, segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Vedant Patel. Em comunicado, os EUA indicaram que ainda estariam decidindo se vão restringir a assistência militar a uma das unidades envolvidas.

As outras quatro, afirmou Patel, “remediaram de forma efetiva essas violações”. Agora, os Estados Unidos realizam “consultas” com o governo de Tel Aviv, que forneceu informações adicionais sobre a quinta unidade. O porta-voz ressaltou que os incidentes ocorreram “muito antes” do ataque sem precedentes do Hamas contra o território israelense —e nenhum dos casos foi registrado em Gaza.

À CNN, uma fonte familiarizada com o caso afirmou que os israelenses comunicaram os americanos sobre as ocorrências nas últimas semanas. Patel, contudo, não informou em quais unidades ocorreram essas violações, tampouco detalhou quais são ou quando elas ocorreram. Segundo o porta-voz, o processo “ainda está em andamento”. Ele pontuou que as autoridades de Israel já foram notificadas, e que os Estados Unidos agora estudam “qual decisão tomar”.

Conforme a Lei Leahy, os EUA não podem fornecer assistência a unidades de segurança estrangeira caso haja informações confiáveis de que elas estejam relacionadas a abusos dos direitos humanos.

Há, no entanto, uma exceção que permite a “retomada da assistência a uma unidade se o Secretário de Estado determinar e relatar ao Congresso que o governo do país está tomando medidas eficazes para levar os membros responsáveis da unidade de forças de segurança à Justiça”.

Nas últimas semanas, o Secretário de Estado americano, Antony Blinken, descreveu o processo de determinação da Lei Leahy como “um bom exemplo”. Ele pontuou que a medida “procura obter fatos e todas as informações”, algo que precisa ser feito “com cuidado”.

Segundo Blinken, é “exatamente assim” que os EUA procedem “com qualquer país que seja destinatário de assistência militar dos Estados Unidos”. Patel rebateu a ideia de que Israel estava recebendo “tratamento único” ao ter recebido mais tempo para apresentar informações sobre os casos.

— Não há nada que eu tenha delineado aqui que seja inconsistente com o processo da Lei Leahy — disse o porta-voz.