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Cinco pontos-chave para entender o pacote de reformas de Milei na Argentina

Projeto autoriza o presidente a iniciar o processo de privatização de mais de uma dezena de empresas estatais

O presidente da Argentina, Javier Milei - Augustin Macarian/AFP

Como é o projeto de reformas impulsionado pelo presidente argentino Javier Milei? Aqui estão cinco áreas-chave contempladas no projeto de lei de desregulamentação da economia e no pacote fiscal, que ainda precisam ser aprovados pelo Senado após sua votação nesta terça-feira (30) pelos deputados.

Poderes delegados
O projeto conhecido como Lei de Bases declara emergência em matéria administrativa, econômica, financeira e energética por um ano e concede a Milei poderes para legislar nesses setores.

É um dos pontos mais controversos e foi motivo do naufrágio do projeto original em fevereiro. Depois ele retornou à Câmara dos Deputados com modificações.

A oposição afirma que, também em sua versão atual, implica conceder "a soma do poder público" ao Executivo e adverte que permitiria modificar ou eliminar as competências, funções e quantidade de funcionários de organismos descentralizados como o Conselho de Pesquisas Científicas (Conicet) e o Instituto de Cinema (Incaa), entre muitos outros.

"Busca-se delegar poder a quem evidentemente odeia o Estado", declarou a deputada peronista Blanca Osuna, enquanto os blocos próximos à situação apontaram que governos anteriores também receberam capacidades semelhantes.

Privatizações
O projeto autoriza o presidente a iniciar o processo de privatização de mais de uma dezena de empresas estatais, entre elas Aerolíneas Argentinas, Agua y Saneamientos e várias companhias de comunicações, transporte e energia.

Isso também inclui a privatização parcial da Nucleoeléctrica, responsável pelas usinas nucleares do país. Em sua versão original, a lei contemplava a possibilidade de privatizar cerca de 40 empresas.

Grandes investimentos
O chamado "Regime de incentivo a grandes investimentos" (Rigi) que faz parte da norma busca promover a chegada de capitais estrangeiros com benefícios fiscais, aduaneiros e cambiais.

É outra medida que gerou polêmica em vários setores: membros da União Industrial Argentina apontaram que a medida exclui as pequenas e médias empresas e prejudica a indústria nacional, enquanto o Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi) indicou que o regime é "uma porta de entrada" para "capitais provenientes do tráfico de entorpecentes, armas e pessoas".

O deputado opositor, mas aliado do oficialismo, Miguel Pichetto, afirmou que "o Rigi é para exploração mineral, petrolífera e de gás, e esses são os investimentos que a Argentina precisa", ao mesmo tempo que chamou a "desmistificar este tema da entrega do patrimônio da soberania nacional".

Reforma trabalhista e previdenciária
A reforma trabalhista contida na lei estende o período de teste para novos funcionários de três para seis meses e até mesmo para um ano; perdoa multas a empresas com trabalhadores não registrados para incentivar sua formalização e propõe a implementação de um fundo de rescisão trabalhista que substitui o atual regime de indenizações.

Revoga a prestação de aposentadoria vigente e cria uma nova que estabelece que aqueles que não acumularem 30 anos de contribuições têm direito a uma pensão mínima, equivalente a 80% da aposentadoria mínima, a partir dos 65 anos.

Pacote fiscal
O pacote de reformas fiscais determina, entre outras medidas, que os assalariados com rendimentos superiores a 1,8 milhão de pesos (10.662 reais no câmbio oficial) voltem a pagar imposto de renda, um tributo que para essa parcela havia sido revogado em 2023 inclusive com o voto do então deputado Javier Milei.