RAINHA DO POP

Luiz Oscar Niemeyer sobre trazer show de Madonna ao Rio: "Não tem como evitar o frio na barriga"

Empresário fala da expectativa, apesar de ser veterano no ramo do entretenimento: 'Já passei por essas situações, mas cada vez é uma experiência diferente'

Luiz Oscar Niemeyer: "Madonna tem um lance com o Rio, já esteve aqui algumas vezes, a gente consegue ver a identificação dela com a cidade" - Divulgação/Bonus Track

Luiz Oscar Niemeyer conta que foram dois anos de namoro até o dia em que ouviu o “sim” de Madonna. O resultado é a apresentação gratuita da diva do pop na Praia de Copacabana neste sábado. Será não somente o encerramento da Celebration Tour, que marca 40 anos de carreira da Material Girl, mas também o maior show que a cantora já fez na vida.

— Não foi uma negociação rápida. O primeiro contato que tive com o pessoal dela foi em março de 2022 — conta o empresário de 67 anos, por telefone, ao Globo. — Houve todo um tempo de maturação, de persuasão, de convencimento. Várias coisas aconteceram, ela teve um problema de saúde, houve idas e vindas. Quando ela retomou os shows, e quando tomei conhecimento que ela faria um show no México no dia 26 de abril, achei que seria perfeito que ela encerrasse a turnê no Rio de Janeiro. Deu certo.

Luiz Oscar faz questão de lembrar que não bastava a negociação com Madonna para que o show acontecesse. Era preciso costurar o plano com diversos personagens, passar a mão no telefone aqui e ali, num malabarismo do qual ele se diz íntimo:

— São várias negociações. Para fazer um show de graça, dessa dimensão, é preciso conjugar diversos interesses. Contatos precisam ser feitos. Tem a negociação com todos os agentes públicos, com patrocinadores. Todas essas negociações são muito difíceis e têm que ocorrer paralelamente à que existe com a artista. Mas já estou acostumado.

Sinatra, Stones, Dylan...
Luiz Oscar Niemeyer é um veterano do ramo do entretenimento no Brasil, sobretudo o de megashows e festivais. Começou como estagiário da Artplan, a agência do publicitário Roberto Medina. Suou a camisa carregando caixas no show de Frank Sinatra, no Maracanã, em 1980. Cinco anos depois, foi produtor executivo do primeiro Rock in Rio. Tomou gosto e, de lá para cá, foram vários os eventos grandiosos que tiveram a assinatura do empresário. Das edições do Hollywood Rock, que começou no fim dos anos 1980, aos shows em Copacabana de Rod Stewart, Rolling Stones e Stevie Wonder, além de turnês de Paul McCartney e Bob Dylan, que também vieram ao Brasil, tudo passou pelo hoje CEO da Bonus Track. Em 2022, Luiz Oscar lançou “Memórias do rock”, livro escrito pelo jornalista Antonio Carlos Miguel que repassa sua trajetória no showbizz.

 

Se por um lado o empresário se diz acostumado com negociações desse porte, por outro, no entanto, não finge naturalidade ao lidar, mais uma vez, com um momento histórico:

— Já passei por essas situações, mas não tem como se evitar o frio na barriga. Cada vez é uma experiência diferente. Até porque, depois que passa, passou. Sem dúvida, não me acostumei. E sinto a maior satisfação de estar fazendo esse show, proporcionando para as pessoas uma apresentação dessa altura. Esse é o meu negócio, minha missão, e graças a Deus tenho conseguido fazê-la bem — diz.

A missão, desta vez, teria custado cerca de R$ 60 milhões — incluído aí o cachê de Madonna, que representaria 80% deste valor, segundo fontes ouvidas pelo Globo. Há expectativa de que, direta e indiretamente, o show da estrela americana movimente cerca de R$ 300 milhões no Rio de Janeiro:

— Sou um otimista em relação ao Rio de Janeiro. A partir do momento que eu deixar de ser, vou embora. Vivi aqui minha vida toda, é uma cidade que só me deu coisa boa, sempre. Toda cidade do mundo tem seus problemas, acho que esse tipo de evento é uma contribuição positiva. Cabe ao cidadão, também, contribuir de alguma maneira. Acredito no Rio. Não poderia ser diferente.

Mas o que, afinal, convenceu Madonna a vir para o Rio encerrar uma das turnês mais importantes de toda a sua carreira? Luiz Oscar Niemeyer dá pistas de que a cidade, por si só, é um trunfo:

— Ela tem um lance com o Rio, já esteve aqui algumas vezes, a gente consegue ver a identificação dela com a cidade. O projeto é espetacular. É a praia mais famosa do mundo, numa cidade emblemática, são pontos positivos, audaciosos, ousados, um desafio que provavelmente ela nunca teve.