PF localiza em Londres livro raro roubado de museu no Pará há 16 anos
Ação contou com a cooperação da Scotland Yard; autoridades tentam descobrir quem são os chefes da quadrilha especializada no furto de obras de arte
A Polícia Federal recuperou nesta quarta-feira mais um livro raro que foi roubado do Museu Emilio Goeldi, no Pará, em dezembro de 2008. Com isso, a PF já recuperou quatro das 60 obras furtadas da instituição por uma quadrilha especializada em objetos raros - dois só neste ano. A operação contou com a cooperação da unidade especializada em Artes e Antiguidades da Polícia Metropolitana de Londres (Scotland Yard) e foi localizada na capital do Reino Unido.
Intitulado de "De Macacos e Morcegos Brasileiros - Novas espécies: Observações e recomendações durante a viagem no interior do Brasil", a obra de 1817 foi escrita pelo zoólogo alemão Johann von Spix, que foi um dos primeiros a estudar e catalogar os animais da Amazônia.
Como mostrou O Globo, além de localizar as obras perdidas, a PF busca identificar os receptadores e intermediários que lucraram com as vendas dos livros no mercado restrito de colecionadores. Após ser arquivada sem chegar a uma solução, a investigação foi reaberta em 2023 com o objetivo de descobrir os líderes da quadrilha.
Os investigadores suspeitam que haja um estrangeiro entre os ladrões que fazia o levantamento dos livros e estudava as vulnerabilidades do museu se passando por pesquisador. Ele também teria conhecimento sobre o valor monetário e histórico dos objetos.
Os outros livros foram encontrados em Nova York e Buenos Aires, em 2014 e 2023, respectivamente.
A PF estima que cada um dos livros roubados vale cerca de 100 a 200 mil reais no mercado de obras raras - o crime teria causado um prejuízo total de R$ 4 milhões. O diretor do Museu Emílio Goeldi, Nilson Gabas Júnior, disse que nunca conseguiu contabilizar o preço mercadológico de cada obra, porque elas têm um "valor inestimável". Segundo ele, os livros carregam a memória das expedições e pesquisas feitas na Amazônia nos últimos séculos.
— Essas obras se inserem no contexto da história dos naturalistas da Amazônia e têm um valor inestimável. Para a produção do conhecimento, não tem um valor mensurado — disse ele.