SANTA CATARINA

Bolsonarista, governador de SC tenta esconder que pediu ajuda a deputados do PT

Secretários de Jorginho Mello (PL) estiveram com professores grevistas nesta terça-feira; governo diz que parlamentares participaram do encontro apenas porque estavam na manifestação

O ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello - Reprodução

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), tenta esconder que recorreu a deputados do PT para o ajudarem a mediar a greve com professores no estado. Nesta terça-feira, o governador, que é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve com os parlamentares em uma rodada de conversa com sindicalistas que se manifestavam em frente à sede do Executivo. A informação foi inicialmente divulgada pela NSC e obtida, em seguida, pelo Globo.

Na terça-feira, os secretários recém-nomeados Vânio Boing (Administração) e Marcelo Mendes (Casa Civil) estiveram com dois parlamentares do PT e quatro líderes sindicais por cerca de uma hora e meia. Após a negociação, o governo não emitiu qualquer comunicado sobre o encontro que ocorreu de portas fechadas, e negou uma possível intermediação dos deputados da oposição.

Segundo a assessoria de Jorginho Mello, os dois parlamentares apenas sentaram à mesa porque estavam no protesto. Em nota, o governo afirmou que se colocou à disposição das negociações, mas informou que ainda não houve avanços. (Leia a nota completa no final da matéria)

Do outro lado, deputados garantem que foram chamados pelo governo para organizar o encontro. A gestão teria solicitado que apenas quatro pessoas do movimento entrassem no centro administrativo.

A greve com os professores teve início em 23 de abril, que estão insatisfeitos com a aplicação de um desconto de 14% nas aposentadorias, a ausência de um plano de carreira e pleiteiam um novo concurso público.

Segundo a presidente da Comissão de Educação, Luciane Carminatti (PT), nenhuma proposta foi apresentada durante a negociação.

— O governo está intransigente. Quer acabar com a greve, mas não apresenta nada de concreto.

O que diz o governo de SC
Sobre a greve de uma pequena parte dos professores catarinenses, diante dos fatos abaixo expostos:

* Com base nos portais de transparência de cada Estado, Santa Catarina paga a maior média salarial da região Sul aos profissionais da Educação, superior em cerca de 15% à paranaense e aproximadamente 50% maior que a gaúcha.

* O governo está aumentando em mais de 100% o vale-alimentação.

* Revisou o desconto de 14% para aposentados, garantindo que recebam um valor maior todos os meses no benefício.

* Trabalha no maior concurso da história para contratar 10 mil novos profissionais na Educação.

* Preocupou-se em garantir que todos os professores tenham um horário remunerado fora da sala de aula para planejar conteúdos e preparar provas.

* E que o pedido da descompactação da folha de pagamento é absolutamente inviável no momento: custaria R$ 4,6 bilhões e violaria a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O Estado portanto, determina, inicialmente, as seguintes medidas para garantir o acesso de todos alunos catarinenses à Educação:

* Desconto das faltas injustificadas dos professores grevistas

* Contratação de professores temporários para manter as aulas funcionando

* E que a negociação sobre remuneração dos professores só será retomada assim que essa pequena parcela de professores retorne para a sala de aula

O Governo do Estado julga relevante também realizar um agradecimento público aos quase 90% dos professores que seguem trabalhando nas salas de aula de todas as cidades de Santa Catarina.