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Presidente do MDB critica fala de Lula pedindo votos para Guilherme Boulos: "Deveria dar o exemplo"

Prática é vedada pela lei eleitoral, pois só pode ocorrer após o início oficial da campanha

Deputado Baleia Rossi (MDB-SP) - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Presidente nacional do MDB, o deputado federal Baleia Rossi criticou as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante comemoração promovida por centrais sindicais do 1º de maio, em que o petista pediu votos a Guilherme Boulos (PSOL), adversário do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na eleição municipal de São Paulo. A atitude é vedada pela lei eleitoral, pois só pode ocorrer após o início oficial da campanha.

Em postagem na rede social X (antigo Twitter), Rossi afirmou que o petista utilizou a estrutura do governo para fazer "campanha contra o MDB". O parlamentar ressaltou também que "respeitar a lei eleitoral é respeitar a democracia" e que o chefe do Executivo "deveria dar o exemplo".

"Em vez de ofertar esperança aos trabalhadores no 1º de maio, o presidente da República foi a São Paulo com a estrutura do governo para fazer campanha eleitoral contra o MDB, partido com três ministros que têm feito um trabalho exemplar para o país", disse Rossi.

Nesta quarta-feira, o MDB informou que vai entrar na Justiça contra falas de Lula. Durante agenda neste feriado na capital paulista, Nunes afirmou a jornalistas que o petista parece estar no palanque de 2022 e já pensando no de 2026.

— Como presidente da República, ele teve uma atitude que claramente é um desrespeito à lei eleitoral — disse o prefeito a jornalistas, confirmando que sua campanha deve acioná-lo na Justiça já nesta quinta-feira.

O Palácio do Planalto decidiu apagar das redes sociais oficiais do governo federal a transmissão do evento do Dia do Trabalhador. A gravação estava hospedada no YouTube do CanalGov, mas foi apagada. A mesma transmissão, porém, segue disponível no perfil pessoal de Lula no YouTube.

Durante o discurso às centrais sindicais, Lula chamou Boulos ao seu lado, fez elogios ao aliado e pediu que o público votasse nele na eleição municipal de outubro. O presidente afirmou que o deputado vai enfrentar "três adversários" no pleito: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes.

— Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. E eu vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula, em 1989, em 1994, em 1998, em 2006, em 2010 e em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo — disse Lula ao lado de Boulos.

Lula tem agido pessoalmente para fortalecer a candidatura de Boulos em São Paulo. Foi do presidente a iniciativa convidar a ex-prefeita Marta Suplicy para retornar ao PT e ser vice da chapa. São Paulo será a capital que terá a maior presença e dedicação de Lula nas eleições municipais. Na cúpula do PT, há entendimento de que se Boulos vencer em São Paulo, o partido terá ganho a eleição municipal no país.

Planalto nega crime eleitoral
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, se manifestou a respeito da fala de Lula e negou o cometimento de crime eleitoral. Segundo ele, a afirmação não pode ser enquadrada como propaganda eleitoral antecipada, mas manifestação de liberdade de expressão:

— A manifestação do Presidente não pode ser enquadrada como propaganda eleitoral antecipada, ou mesmo teria o escopo de influenciar as eleições. Trata-se, em verdade, de manifesto exercício da liberdade de expressão — disse

Ainda de acordo com o ministro, "o que ocorreu foi uma manifestação de apoio político".

— A fala está enquadrada nas permissões da lei e não nas vedações. Não houve conduta eleitoral vedada.

Pimenta não explicou, porém, o motivo pelo qual o Planalto apagou o vídeo das redes do governo federal.