ORIENTAÇÃO

Antes de se reunir com deputados do PT, governo de SC determinou demissão de professores em greve

Representantes da Secretaria de Educação de Jorginho Mello (PL) passaram orientações aos diretores de escola na segunda-feira; o Globo teve acesso ao áudio

Jorginho Mello - Divulgação

Um dia antes de representantes do governador bolsonarista de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), terem se reunido com deputados do PT, representantes de sua gestão definiram que professores temporários em greve no estado serão demitidos. A decisão foi comunicada em um encontro nesta segunda-feira entre titulares da Secretaria de Educação e diretores das unidades escolares. O Globo teve acesso ao áudio da reunião na íntegra.

Além da demissão desses profissionais, o coordenador regional de Educação, Leopoldo Diehl Filho, afirma que os grevistas ainda não poderão assumir vagas efetivas na rede estadual pelos próximos três meses.

— É três anos fora porque ele estourou o limite de falta. Então, não vai ter negociação. Se esse professor, você conseguir conversar e ele retornar de imediato, vamos conversar e não dar falta corrida. Mas, assim, é para acabar com a greve — diz.

Na gravação, outra integrante do governo identificada como "Leide" dá outras orientações:

— Devem ser dispensados imediatamente considerando as faltas para caracterizar a dispensa por abandono. (...) Na quarta falta consecutiva ou na sexta intercalada, vocês vão encaminhar a dispensa por abandono se o professor não retornar imediatamente à escola. É uma pressão do estado sim para que esse professor retorne imediatamente e que a greve perca força.

Poucas horas após este encontro, na terça-feira, os secretários recém-nomeados Vânio Boing (Administração) e Marcelo Mendes (Casa Civil) estiveram com dois parlamentares do PT e quatro líderes sindicais por cerca de uma hora e meia. Após a negociação, o governo não emitiu qualquer comunicado sobre o encontro que ocorreu de portas fechadas, e negou uma possível intermediação dos deputados da oposição.

Segundo a assessoria de Jorginho Mello, os dois parlamentares apenas sentaram à mesa porque estavam no protesto. Em nota, o governo afirmou que se colocou à disposição das negociações, mas informou que ainda não houve avanços. (Leia a nota completa no final da matéria)

Do outro lado, deputados garantem que foram chamados pelo governo para organizar o encontro. A gestão teria solicitado que apenas quatro pessoas do movimento entrassem no centro administrativo.

A greve com os professores teve início em 23 de abril, que estão insatisfeitos com a aplicação de um desconto de 14% nas aposentadorias, a ausência de um plano de carreira e pleiteiam um novo concurso público.

O que diz o governo de SC
Sobre a greve de uma pequena parte dos professores catarinenses, diante dos fatos abaixo expostos:

* Com base nos portais de transparência de cada Estado, Santa Catarina paga a maior média salarial da região Sul aos profissionais da Educação, superior em cerca de 15% à paranaense e aproximadamente 50% maior que a gaúcha.

* O governo está aumentando em mais de 100% o vale-alimentação.

* Revisou o desconto de 14% para aposentados, garantindo que recebam um valor maior todos os meses no benefício.

* Trabalha no maior concurso da história para contratar 10 mil novos profissionais na Educação.

* Preocupou-se em garantir que todos os professores tenham um horário remunerado fora da sala de aula para planejar conteúdos e preparar provas.

* E que o pedido da descompactação da folha de pagamento é absolutamente inviável no momento: custaria R$ 4,6 bilhões e violaria a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O Estado portanto, determina, inicialmente, as seguintes medidas para garantir o acesso de todos alunos catarinenses à Educação:

* Desconto das faltas injustificadas dos professores grevistas

* Contratação de professores temporários para manter as aulas funcionando

* E que a negociação sobre remuneração dos professores só será retomada assim que essa pequena parcela de professores retorne para a sala de aula

O Governo do Estado julga relevante também realizar um agradecimento público aos quase 90% dos professores que seguem trabalhando nas salas de aula de todas as cidades de Santa Catarina.