QUEDA

Banco Central da Argentina corta juros para 50%, a segunda redução em uma semana

BC baixou taxa quatro vezes nos últimos 50 dias. Governo vê inflação a 5,8% em maio

Argentina - Luis Robayo/AFP

O Banco Central da Argentina (BCRA) voltou a surpreender o mercado nesta quinta-feira (2) ao reduzir sua taxa de juros de referência de 60% para 50% ao ano, o segundo corte em uma semana.

Nos últimos 50 dias, o BC argentino reduziu a taxa quatro vezes, de 100% ao ano para 80% em março passado, depois de 80% para 70% há 21 dias, e de 70% para 60% na semana passada.

Essa dinâmica confirma que o objetivo do governo é reduzir a quantidade de dinheiro em circulação o mais rápido possível, a fim de correr menos riscos quando se trata de remover os controles cambiais. Em outras palavras, se houver menos pesos nas ruas, haverá menos demanda por dólares no caso de uma eventual remoção dos controles cambiais.

"A decisão do BCRA leva em consideração o contexto financeiro e de liquidez e se baseia no rápido ajuste das expectativas de inflação, no fortalecimento da âncora fiscal e no impacto monetário contracionista derivado da sazonalidade nos pagamentos externos do Tesouro no atual trimestre", disse a autoridade monetária argentina em nota.

O governo acredita que a inflação cairá mais rapidamente, para 5,8% em maio, conforme demonstrou o vice-presidente do banco central, Vladimir Werning, em uma apresentação para investidores em Washington.

O Ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou nesta semana que, para priorizar a redução da inflação, os aumentos programados nas tarifas de gás e eletricidade e nas tarifas de ônibus seriam adiados, e que o aumento no imposto sobre combustíveis também seria postergado.

"Como estamos confortáveis na área fiscal, priorizamos a redução da inflação e não sobrecarregamos a classe média com mais despesas no momento", disse o ministro na rede social X, o antigo Twitter.

O mercado financeiro observa que a nova queda nas taxas de juros mostra que o governo não tem pressa em sair da armadilha cambial, pois não almeja ter taxas reais positivas (acima da inflação). O objetivo de curto prazo é continuar reduzindo a quantidade de pesos em circulação na economia.