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Alemanha e República Tcheca acusam Rússia de ataques cibernéticos

Os Estados Unidos também acusaram Moscou de ter realizado ciberataques

O Ministro do Interior da República Tcheca, Vit Rakusan (à direita), e sua colega alemã Nancy Faeser concederam uma coletiva de imprensa conjunta na embaixada alemã em Praga, República Tcheca. - Michal Cizek / AFP

Alemanha e República Tcheca acusaram, nesta sexta-feira (3), a Rússia de estar por trás de campanhas de ciberataques contra esses dois países-membros da Otan e da União Europeia, que prometeram responder com firmeza.
 

Os Estados Unidos também acusaram Moscou de ter realizado ciberataques "malignos" contra vários países europeus, incluindo Alemanha e República Tcheca.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, as potências ocidentais estão em alerta máximo pelo risco de ciberataques maciços e de operações de desinformação orquestradas por Moscou.

Ainda nesta sexta, a Rússia negou "categoricamente" as acusações da Alemanha e as tachou de "infundadas".

A Alemanha e a República Tcheca atribuíram os ciberataques ao grupo APT28, "dirigido pelos serviços de inteligência da Rússia", afirmou a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, nesta sexta-feira.

"Em outras palavras, foi um ataque cibernético apoiado pela Rússia contra a Alemanha e é absolutamente intolerável e inaceitável", acrescentou.

O governo alemão convocou o encarregado de negócios da embaixada russa "em um sinal diplomático claro para fazer o governo russo compreender que não aceitamos estas ações".

"Usaremos uma série de ações para dissuadir e responder ao comportamento agressivo da Rússia", advertiu o Ministério das Relações Exteriores alemão.

A embaixada da Rússia em Berlim indicou que seu encarregado de negócios "rejeitou categoricamente as acusações de que as estruturas estatais russas estavam envolvidas no incidente mencionado (...) por considerá-las sem substância e infundadas".

 Atos reprováveis 

O ciberataque imputado a Moscou contra a Alemanha afetou no ano passado e-mails das autoridades do SPD, o partido social-democrata do chefe de Governo Olaf Scholz.

A operação também teve como alvo "serviços governamentais, empresas dos setores de logística, armamentos, aeroespacial e várias fundações e associações", disse Berlim.

Os atos foram revelados graças a uma "investigação conjunta" com as autoridades da República Tcheca.

O Ministério das Relações Exteriores da República Tcheca indicou que esse país da Europa central foi alvo do grupo APT28 em várias ocasiões.

"Algumas instituições tchecas foram alvo de ataques cibernéticos a partir de 2023, explorando uma vulnerabilidade até então desconhecida no Microsoft Outlook", apontou.

"No contexto das próximas eleições europeias, das eleições nacionais em vários países europeus e da agressão russa em curso contra a Ucrânia, esses atos são particularmente graves e repreensíveis", acrescentou.

"Esses ataques foram orquestrados pela Federação Russa e seu serviço de inteligência GRU", enfatizou o ministro do Interior tcheco, Vit Rakusan.

Os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) "condenam veementemente" essa campanha de ataques cibernéticos, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

Tendo já imposto sanções a indivíduos e entidades ligadas ao grupo APT28 em 2020, a UE "está determinada a usar uma série de medidas para prevenir, deter e responder ao comportamento malicioso da Rússia no ciberespaço", acrescentou.

O grupo APT28, também conhecido como Fancy Bear, foi acusado de dezenas de ataques cibernéticos em todo o mundo.

"De acordo com nossas autoridades de segurança, esse é um dos grupos de ataques cibernéticos mais perigosos e ativos do mundo", disse o Ministério do Interior alemão.

 Preocupação da Otan 

Os Estados Unidos também condenaram o ciberataque "maligno" realizado pela Rússia "contra a Alemanha, República Tcheca, Lituânia, Polônia, Eslováquia e Suécia", declarou o porta-voz do departamento do Estado, Matthew Muller.

A Otan denunciou na quinta-feira as ações da Rússia "em território aliado", que incluem "sabotagem, atos de violência, interferência cibernética e eletrônica, campanhas de desinformação e outras operações híbridas" e constituem "uma ameaça para a segurança" de seus membros.

Essas "atividades estatais hostis" afetaram "a Estônia, a Letônia, a Lituânia, a Polônia, a República Tcheca e o Reino Unido", afirmou.

França, Suíça e Austrália também relataram ataques cibernéticos de grupos de hackers ligados a Moscou nos últimos meses.

Empresas como a Mandiant, subsidiária do Google, e a Microsoft também alegaram ter sido vítimas de ataques cibernéticos por hackers ligados ao Estado russo.