Violência

Homem contrata garota de programa no Recife, é espancado por grupo e forçado a transferir R$ 14 mil

A vítima chegou contando uma história diferente da realidade à polícia, que, ao investigar, chegou aos fatos

Polícia divulgou detalhes do caso nesta segunda-feira (6) - Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Duas travestis, de 20 e 22 anos, apontadas pela Polícia Civil de Pernambuco como garotas de programa, foram presas por aplicarem golpe em um homem de origem chinesa com naturalização brasileira. O caso aconteceu na Imbiribeira, Zona Sul do Recife. A corporação ainda investiga mais quatro pessoas que tiveram envolvimento no crime, e não descarta mais vítimas.

Tudo começou quando a vítima prestou queixa na Delegacia de Porto de Galinhas, relatando que seu celular havia sido furtado. Após o delito, foram feitas várias transações via Pix para as contas de dois indivíduos - outros membros do grupo criminoso.

Com isso, até conseguir bloquear os aplicativos bancários, o empresário afirmou ter ficado com um prejuízo de R$ 14 mil.

Até esse momento, tudo parecia, para os policiais, como um crime como qualquer outro, mais um golpe com Pix. A história, no entanto, não para por aí. Ao rastrearem o aparelho, foi identificado que a última localização havia sido no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife.

Ao chegarem às pessoas que detinham o celular e fazerem a prisão em flagrante, a polícia identificou que elas integravam um grupo criminoso. Dentre os membros, está uma mulher, também apontada como garota de programa, que teria sido contratada pela própria vítima - fato que ele não havia revelado - e, a partir disso, aplicaram o golpe.

"Quando fez a denúncia, ele nos contou apenas que tinha sido furtado. Não mencionou a contratação dos serviços dessa mulher. Depois que foi chamado novamente, ele nos contou que encontrou esses serviços na internet", afirmou o delegado Ney Luiz Rodrigues, da Delegacia de Porto de Galinhas, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6).

Durante o encontro, a mulher contratada solicitou auxílio à irmã, sob alegação de que o homem se recusava a pagar pelos serviços. Ela, por sua vez, contatou outras pessoas - as duas travestis presas e mais outra -, que se dirigiram ao local para agredir e ameaçar a vítima.

"Ele foi espancado mesmo, apanhou muito. Nós prendemos essas duas pessoas que bateram nele, mas ainda não achamos a mulher que ele contratou. A vítima nos contou que não chegou a realizar o programa", explicou o delegado.

Foi assim que eles obtiveram a chave Pix do empresário para efetuar as transferências. Já as travestis afirmaram que não se envolveram nessa parte, mas receberam o dinheiro.

"Pelo que temos apurado, nós desconfiamos muito que essa história de que tudo aconteceu porque o homem não queria pagar a conta não procede. Segundo relatos, a mulher contratada teria visto uma transferência no celular da vítima no valor de R$ 300 mil, o que, por ser um empresário, faz sentido. Então achamos que ela chamou os travestis e então o grupo cometeu o crime", completou o delegado Ney Luiz Rodrigues.

Os valores transferidos foram dividos entre os envolvidos, incluindo as duas mulheres presas, que confessaram ainda deter uma parte do dinheiro no momento da prisão. O aparelho celular da vítima ficou em posse de outro membro do grupo criminoso.

Há indícios de que o grupo atue em conjunto há algum tempo, e a polícia segue em busca dessas outras pessoas. Agora, a corporação vai requerer judicialmente a quebra de sigilo dos dados dos aparelhos apreendidos para dar continuidade às investigações.