SAÚDE

Chuvas no RS: com difícil acesso à água potável, parasitologista explica como tratá-la em casa

Doenças como diarreia e hepatite A estão associadas à contaminação deste recurso essencial à vida

Foto: Agência Brasil/EBC

Em meio à tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul com as cheias provocadas pela chuva forte, grande parte do Estado está sem acesso à água e com dificuldade para comprar água potável.

Em Porto Alegre, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) da cidade, apenas duas das seis estações de tratamento continuam funcionando. Neste cenário, a Biblioteca Virtual em Saúde, organizada pelo Ministério da Saúde, apresenta algumas recomendações que devem ser seguidas de cuidados com a água para consumo humano durante enchentes.

Como tratar essa água?
A primeira delas é garantir que não houve nenhum tipo de contato do líquido com esgoto ou com a inundação (caso sim, não deve ser utilizada). O professor Eduardo Torres, professor de parasitologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ressalta que mesmo em casos extremos, o consumo da água que teve contato com esgoto ou enchente não deve ser uma opção.

— Essa pessoa muito provavelmente vai ter diarreia, e assim vai perder muito mais água e entrar num quadro ainda mais agressivo de desidratação — alerta.

Desta forma, verificada a sua origem, ela deve ser filtrada com filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo, e em seguida, precisa ser fervida para eliminar bactérias, vírus e parasitas.

Caso não seja possível ferver, a filtração pode ser aliada ao tratamento com hipoclorito de sódio na concentração 2,5%. Para cada a litro de água para consumo humano, devem ser adicionadas duas gotas de hipoclorito. E em seguida, deixar repousar por 15 minutos.

— Não é a água sanitária normal. É preciso ter uma atenção especial a isso, pois o certo é com a concentração de 2,5%. A partir de 20 litros, a quantidade vai para uma colher de chá. 200 litros, uma colher de sopa e em 1000 litros, deve equivaler a dois copos pequenos de café descartáveis — explica o especialista.
 

Por que não usar água da chuva?
O professor aponta que o maior problema de captar a água da chuva para o consumo são as consequências da sua acidez no organismo.

— Água da chuva pode ter contaminantes químicos responsáveis por interferir no funcionamento do sistema digestório. A pessoa pode ter alguma dor estomacal ou outro problema de saúde devido à acidez — esclarece o professor.

E os cuidados com as frutas e verduras?
Já as frutas, verduras e legumes que entraram em contato com a água da enchente devem ser descartadas. As demais podem ser salvas seguindo as recomendações da pasta:

Selecionar, retirando as folhas, parte e unidades deterioradas;

Lavar em água corrente os vegetais folhosos, folha a folha, e as frutas e legumes um a um;

Colocar de molho por 10 minutos em água clorada. Ou seja, uma colher das de sopa de hipoclorito de sódio 2,5%, ou água sanitária – de 2,0 a 2,5% – para um litro de água;

Enxaguar em água corrente os vegetais folhosos, folha a folha, as frutas e legumes um a um;

Deixar secar naturalmente;

Se utilizar água sanitária, esta deve conter apenas hipoclorito de sódio e água.

Doenças associadas à água insalubre

Caso não esteja tratada, a contaminação da água pode causar as seguintes doenças:

Cólera;

Febre tifóide;

Giardíase;

Amebíase;

Hepatite A;

Diarreia;

Esquistossomose;

Salmonelose;

Intoxicação por metais;

Leptospirose.