Ejacular com frequência reduz o risco de câncer de próstata? Médicos respondem
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o segundo tipo de tumor com mais incidência em homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma
O câncer de próstata é um dos tumores mais comuns entre os homens no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o segundo tipo de tumor mais incidente em homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Na maioria dos casos, manifesta-se após os 50 anos e a frequência aumenta consideravelmente à medida que a idade avança.
Um assunto que médicos, principalmente urologistas, tentam decifrar há mais de 30 anos é se a frequência da ejaculação tem relação com a incidência do câncer de próstata.
Um estudo da Universidade de Harvard realizado com mais de 31 mil homens que responderam a perguntas sobre a frequência da ejaculação em um questionário de 1992 e foram acompanhados até 2010, constatou que os homens que ejaculavam 21 ou mais vezes por mês tinham um risco 31% menor de desenvolver câncer de próstata em comparação com os homens que relatavam de quatro a sete ejaculações por mês ao longo da vida.
Isso poderia ocorrer porque o processo de ejaculação diminuiria a concentração de toxinas e estruturas semelhantes a cristais que podem se acumular na próstata e potencialmente causar tumores. Ao mesmo tempo que ajudaria a melhorar o fluxo de sêmen pela próstata, possivelmente reduzindo a inflamação na região — fator de risco conhecido para o desenvolvimento do câncer.
Achados semelhantes foram obtidos na Austrália, onde a probabilidade de o câncer de próstata ser diagnosticado antes dos 70 anos é 36% menor em homens que ejaculavam em média de cinco a sete vezes por semana em comparação com homens que ejaculavam menos de duas a três vezes por semana.
"Não podemos associar que a frequência da ejaculação é a causa para reduzir o número de incidências de câncer de próstata, mas há uma associação. Esta doença é multifatorial e podemos dizer que a frequência da ejaculação está associada ao estilo de vida do homem. Um homem saudável, ou seja, que não fuma, não bebe álcool, não é obeso, que são causas para um possível câncer de próstata, vai ter uma vida sexual mais ativa, o que consequentemente fará ele ejacular mais vezes" explica Bruno Benigno, Urologista e Oncologista do hospital Oswaldo Cruz.
Segundo o médico, a maioria dos estudos já realizados, tem resultados variados que não se pode tirar conclusões definitivas e que, por serem, pesquisas feitas a partir de questionários respondido pelos próprios participantes, não há como confirmar e ter uma conclusão cientifica.
Em um artigo publicado no site The Conversation, o professor de bioquímica Daniel Kelly, da Universidade Sheffield Hallam, Inglaterra, diz que “É difícil tirar conclusões gerais, especialmente quando os estudos diferem tanto na forma como foram conduzidos”.
"Fatores como as populações variadas de homens investigados, o número de homens incluídos nas análises e as diferenças na forma como a frequência da ejaculação é medida (se isso inclui relações sexuais, masturbação e liberação não solicitada, geralmente à noite) podem obscurecer o quadro" afirma Kelly.
O pesquisador também acredita que a frequência reduzida de ejaculação está relacionada ao aumento do índice de massa corporal (IMC), à redução da atividade física e ao divórcio — todos fatores relacionados a uma saúde geral mais precária que, por sua vez, podem contribuir para o desenvolvimento do câncer.
Por exemplo, os homens que ejaculam com mais frequência podem ter estilos de vida mais saudáveis que reduzem suas chances de serem diagnosticados com câncer.
"Os homens que se cuidam, ou seja, praticam exercícios físicos, consomem baixo gordura animal, tem um alto consumo de legumes, verduras, peixes, pode ejacular a vontade, mas tem que cuidar acida de tudo dos hábitos de vida" afirma Wilson Busato, supervisor da disciplina de câncer de próstata do Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
Sintomas
Os médicos afirmam que os sintomas do câncer de próstata podem demorar anos para se manifestar, mas em geral, aparecem em forma de:
- dificuldade para urinar;
- sangue ao urinar ou ejacular;
- insuficiência renal;
- dor óssea.
A melhor prevenção é o diagnóstico precoce. Por isso, é importante que a partir dos 40 anos os homens procurem o médico para realizar o exame de toque retal e buscar orientações sobre a condição de saúde da glândula.
Além disso, ter hábitos saudáveis, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo ajudam a reduzir a probabilidade de desenvolver a doença. A prática de exercícios físicos também é apontada como forma de manter uma vida saudável e evitar o risco de câncer.