Operação Inverno

Defesa Civil de Pernambuco se reúne com municípios para discutir Operação Inverno 2024

Encontro aconteceu no Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da UFPE, na Várzea, Zona Oeste do Recife

Defesa Civil do Estado realiza Reunião Governamental sobre ações Integradas da Operação Inverno 2024 - Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

Em virtude do tempo chuvoso, a Defesa Civil de Pernambuco se reuniu, na manhã desta terça-feira (7), com coordenadores municipais de Proteção e Defesa Civil dos municípios da Região Metropolitana do Recife, Agreste e Zonas da Mata Sul e Norte para discutir as ações integradas da Operação Inverno 2024.

O encontro aconteceu no auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife.

A ação preventiva foi promovida pela Secretaria de Defesa Social (SDS) e abordou os trabalhos voltados para as reparações climáticas da quadra chuvosa deste ano, que vai de abril a julho.

Estiveram em pauta possíveis casos de desastres ocasionados por fortes precipitações no Estado, a exemplo das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, que já deixou 90 mortos, centenas de feridos e desabrigados e mais de 200 mil pessoas desalojadas. A operacionalização do fluxo de acionamento do gabinete de crise também foi discutida.

Estiveram presentes, além dos órgãos de Defesa Civil, representantes da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) e Centro Integrado de Operações e Defesa Social (Ciods/SDS-PE).

Segundo o secretário executivo de Proteção e Defesa Civil de Pernambuco, Coronel Clóvis Ramalho, o órgão começa a se preparar para o enfrentamento aos acidentes, ainda em janeiro. As equipes elaboraram o plano da Operação Inverno e fizeram visitas técnicas em todos os municípios do Estado.

“Fizemos reuniões regionalizadas, onde nos apoiamos os municípios com elaborações técnicas, elaborações de planos de contingência e todo suporte para que a Defesa Civil local tenha o preparo necessário de atuação em eventos adversos de pequena e média complexidade”, comentou ele.

 

O secretário executivo de Proteção e Defesa Civil de Pernambuco, Coronel Clóvis Ramalho | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

“Aqui, vamos apresentar um plano de acionamento, caso uma situação adversa venha superar a capacidade de atuação do município. Acontecendo isso, a cidade saberá como deve acionar o Estado, que deverá atuar. Caso a ajuda do Estado não seja suficiente, este deve acionar apoio federal, junto à Secretaria Nacional de Defesa Civil demais órgãos que venham a apoiar”, explicou.

Fenômeno climático comum no Nordeste
A Apac acompanha a situação climática do Estado, junto aos centros de meteorologia do Brasil, mensalmente, para emitir a previsão do tempo. De acordo com Patrice Oliveira, gerente de meteorologia e mudanças climáticas do órgão, o fenômeno climático que chega a Pernambuco durante o outono e inverno é chamado de Distúrbio de Leste.

Patrice Oliveira é o gerente de meteorologia e mudanças climáticas da Apac | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

“São ondas que vêm da África, pelo Oceano Atlântico, e atingem o litoral nordestino, assim como aconteceu em 2010, 2011 e 2022. Sabendo disso, temos que estar preparados, porque o sistema que opera nesse período é forte e provoca chuvas intensas”, declarou ele.

Desde o início do ano, o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco está se preparando para possíveis ações operacionais de auxílio à população, tanto do Interior quanto da RMR. Segundo o coronel Robson Roberto - diretor geral de operações da corporação, cerca de 600 agentes foram treinados para executarem a operação, somente para 2024.

Coronel Robson Roberto - diretor geral de operações do CBMPE | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

“Fizemos, também, parceria com forças amigas, que nos ajudam em cenários como esse. A gente espera que não aconteça nada de ruim, mas, caso aconteça, o Corpo de Bombeiros estará preparado para atender à população pernambucana”, garantiu.

Abrigos no Recife
O gerente de operações emergenciais da Defesa Civil do Recife, Sandro Marinho, destacou as ações que o município tem feito, com obras de intervenção e prevenção, através do Programa Parceria.

Gerente de Operações Emergenciais da Defesa Civil do Recife, Sandro Marinho | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

“A capital, atualmente, conta com 49 abrigos permanentes para que a população se refugie em caso de emergência climática. Temos, ainda, locais que foram estudados como pontos de abrigos para a população. É uma malha bastante ampla para fazer os atendimentos”, alegou.

Jaboatão promete resposta eficiente
O município do Jaboatão dos Guararapes foi fortemente afetado pelas chuvas de maio de 2022. À época, o Jardim Monte Verde, região limítrofe entre o municipio e a capital pernambucana, registrou mais de 20 mortes por queda de barreiras. A cidade passou a ter uma Secretaria de Defesa Civil no ano passado.

Hoje, segundo o coronel Elton Moura, titular da pasta, a secretaria trabalha diretamente com a Prefeitura. A partir daí, foram montados planos de contingência para chuvas, visando prevenir deslizamentos de barreiras e alagamentos. Também foi criada uma sala integrada de emergência, onde a questão meteorológica é monitorada por 24 horas. Moura considera o município pronto para enfrentar a quadra chuvosa.

“A sala foi criada para darmos uma resposta melhor à sociedade. Também foram criados Núcleos de Proteção e Defesa Civil dentro das comunidades. No Jardim Monte verde tem um núcleo desse, além de uma base avançada, numa estrutura de contêiner, para dar assistência”, pontuou.

Coronel Elton Moura, secretário de Defesa Civil de Jaboatão | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

Contudo, ainda segundo Moura, não há como prever uma catástrofe sem precedentes como a que afeta o Rio Grande do Sul. Segundo a Defesa Civil do Estado, 1,3 milhão de pessoas foram atingidas e o número de mortes subiu para 90. Até o momento, 132 seguem desaparecidas e 361 feridas. 

“Aquilo é uma grande tragédia natural. Em três dias, [no RS]choveu 800 milímetros. Isso nunca aconteceu em Pernambuco. Nenhuma Defesa Civil estaria preparada, mas, hoje, nós estamos preparados para dar uma resposta muito melhor, para dar uma segurança muito maior e nos anteciparmos, diante dos cenários críticos, para fazer com que a população seja avisada e retirada dos locais de risco com segurança”, esclareceu.