eutanásia

Peruana tem aparelhos desligados três meses após Justiça autorizar morte

Aos 65 anos, Maria Teresa Benito Orihuela sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença neurológica degenerativa e incurável que havia comprometido quase todos os músculos de se

Peruana pede para ter respirado desligado e 'morte digna" - Reprodução

Após três meses da decisão judicial, a peruana Maria Teresa Benito Orihuela morreu na última sexta-feira (3) depois da remoção da ventilação mecânica que a manteve viva artificialmente por seis anos. Aos 65 anos, ela sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença neurológica degenerativa e incurável que havia comprometido quase todos os músculos de seu corpo.

Um médico ligado ao EsSalud, a seguradora pública de saúde do Peru, concordou em fazer o procedimento, aplicando uma sedação e desligando o respirador. No dia primeiro de fevereiro, uma sentença inédita no Peru acatou seu desejo por uma "morte digna", mas os médicos do hospital Edgardo Rebagliati se recusaram a aceitar o pedido da paciente sob a justificativa de objeção de consciência.

Foi o segundo caso levado a Justiça no país sobre o direito à morte digna. Os dois filhos de Maria apoiavam a luta da mãe. "Maria morreu rodeada pelo amor de sua família e partiu dormindo, conforme sua vontade.", escreveu Josefina Miró Quesada, advogada de Maria, em comunicado.

Ketty Solano, filha de Maria disse: "Minha mãe abriu muitas portas para que as pessoas entendam que temos o direito de decidir sobre a última etapa de nossas vidas. Deixar partir é um grande ato de amor."

Eutanásia x rejeição a tratamento
No mês passado, Ana Estrada, de 45 anos, se tornou a primeira pessoa do país a receber eutanásia, cerca de dois anos após a Justiça do Peru autorizar o procedimento. No entanto, a situação de Maria Benitó, foi diferente: a eutanásia envolve a administração de uma substância letal diretamente no paciente, enquanto a paciente de 65 anos pedia para deixar de receber um tratamento médico.

"Dado que a decisão de Ana Estrada só lhe é aplicável, Maria considerou que a realização de um processo judicial semelhante demoraria muito e seria muito difícil para o estado em que se encontra. Por isso, considerou outra opção: solicitar a rejeição de tratamentos médicos que a mantenham viva, ou seja, pedir para ser desligada do ventilador mecânico para que a ELA siga seu curso natural até a morte" explicou Quesada ao jornal El Comercio.