CUIDADOS

Chuvas do RS: Apenas pessoas em alto risco devem usar antibióticos, alerta Sociedade de Infectologia

Alerta surgiu frente à profusão de gaúchos recorrendo a receitas médicas pelas redes para evitar doenças profilaticamente

Chuvas Rio Grande do Sul - Gustavo Mansur/Palácio Piratini

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou nesta terça-feira (7) alerta sobre quais são os casos de alto risco para os quais é indicado o tratamento preventivo com antibióticos para combater a leptospirose, mediante o cenário de fortes chuvas que ocasionam enchentes no Rio Grande do Sul.

Segundo a nota, são estes os perfis para os quais a profilaxia é indicada para:

Equipes de socorristas de resgate; Voluntários com exposição prolongada à água da enchente; Pessoas que passaram por submersão (cabeça embaixo d’água e quase afogamento); Pessoas que tiveram ingestão de água potencialmente contaminada; Pessoas que apresentam lesões ou lacerações, como pequenos cortes, pelo corpo e se expuseram à enchente.

De acordo com Alessandro Pasqualotto, presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia e conselheiro da organização em nível nacional, em entrevista ao GLOBO, nos últimos dia aumentou a procura por receitas prescrevendo os fármacos nas redes sociais por gaúchos e diversos médicos também estavam oferecendo as prescrições.

"Dessa forma, a Sociedade achou por bem se posicionar tecnicamente sobre isso. Após revisão das evidências, o grupo concordou que esse método deve ser utilizado em casos de alto risco. Não é para todas as pessoas e qualquer contato com água" esclarece o infectologista.

Ainda, o documento aponta que nas áreas inundadas existem também outros riscos de infecção, por isso, devem ser utilizados botas e luvas de borracha, assim calças para proteção, onde normalmente há contato com água suja ou lama.

"Quando a água abaixar, as pessoas que conseguiram fugir da enchente vão precisar limpar suas casas e terão um maior risco de se infectar" alerta Pasqualotto.

Em contrapartida, o Ministério da Saúde declarou em nota que a profilaxia com antibióticos deve ser receitada apenas para pessoas com febre e dores musculares que tiveram contato com água ou lama da inundação no período de até 30 dias anteriores ao início dos sintomas.

Como ocorre a contaminação por leptospirose?
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida através do contato direto ou indireto com a urina de rato infectado pela bactéria Leptospira. A manifestação de sinais e sintomas pode variar de 1 a 30 dias, mas normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.

O risco de morte para a condição é de 40% nos casos mais graves. De acordo com a pasta, as inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos.

Os sintomas da fase inicial do desenvolvimento da doença são:

Os principais da fase precoce são:

 

Febre; Dor de cabeça; Dor muscular, principalmente nas panturrilhas; Falta de apetite; Náuseas/vômitos.

 

Já os casos mais graves, que acometem cerca de 15% das pessoas com a doença, podem apresentar a síndrome de Weil, caracterizada pela tonalidade alaranjada muito intensa na pele, insuficiência renal e hemorragia (sendo a pulmonar a mais comum).