Ministro espanhol irrita Israel ao falar de ''genocídio'' em Gaza
O texto irritou a embaixada israelense na Espanha, que rejeitou "a falsa acusação espalhada por alguns ministros (...) de que Israel está cometendo genocídio"
Um ministro espanhol de extrema esquerda alertou, nesta quarta-feira (8), as empresas de seu país estabelecidas em Israel do "risco de contribuir para o genocídio na Palestina", provocando a ira da embaixada israelense e uma reprimenda do Ministério das Relações Exteriores espanhol.
Em uma carta enviada a essas empresas, o ministro dos Direitos Sociais, Pablo Bustinduy, pediu que elas informassem quais medidas foram tomadas "para evitar os principais riscos de abusos que suas atividades poderiam acarretar" na região, de acordo com um comunicado à imprensa de seu Ministério.
As empresas devem evitar que suas atividades "possam contribuir para as violações flagrantes dos direitos humanos que o Estado de Israel está cometendo nos Territórios Palestinos Ocupados", pois há um "risco de contribuir para o genocídio na Palestina", disse o ministério de Bustinduy, membro da plataforma de extrema esquerda Sumar.
O texto irritou a embaixada israelense na Espanha, que em uma declaração publicada na rede social X rejeitou “a falsa acusação espalhada por alguns ministros (...) de que Israel está cometendo genocídio”.
“A demonização e deslegitimação de Israel, recorrendo a acusações infundadas, dá asas ao Hamas”, lamentou o escritório diplomático.
O Ministério das Relações Exteriores disse que não tinha conhecimento prévio da carta de Bustinduy e a rejeitou.
“Essa é a primeira notícia que recebemos sobre essa carta”, disse um porta-voz à AFP, criticando Bustinduy por dizer que estava falando em nome do governo. “Nossa posição é clara: o Estado de Israel e o povo de Israel são amigos da Espanha e do povo espanhol”, acrescentou o porta-voz.
Ministros da extrema esquerda, que governa em coalizão com os socialistas de Pedro Sánchez, já usaram o termo “genocídio” no passado, mas essa é a primeira vez que o fazem em um documento oficial.
A controvérsia ocorre em um momento em que Sánchez, considerado a voz europeia mais crítica contra Israel, está tentando trazer outros países europeus para o seu plano de reconhecer um Estado palestino, algo que o governo espanhol não descarta fazer unilateralmente.
O Sumar pede o reconhecimento imediato do Estado palestino, além de sanções contra Israel.
“As crianças da Palestina estão sendo assassinadas” e a comunidade internacional “não está fazendo absolutamente nada”, disse a chefe da Sumar, Yolanda Díaz, a número três do governo, no domingo.
Um ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 deixou mais de 1.170 pessoas mortas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados israelenses.
Até o momento, a resposta israelense deixou 34.844 mortos, de acordo com o Hamas, e causou uma catástrofe humanitária em Gaza.