DENÚNCIA

Caso Marielle: PGR aponta embate sobre loteamentos clandestinos como motivação do crime

Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia contra Domingos e Chiquinho Brazão por homicídios de vereadora e motorista

Chiquinho Brazão - Câmara dos Deputados/Divulgação

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou que a morte de Marielle Franco (PSOL), em 2018, teve como motivação os embates que a então vereadora do Rio de Janeiro travava contra loteamentos clandestinos na Zona Oeste da cidade. Na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o órgão de investigação lista uma série de projetos de interesse dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de serem mandantes do crime, que sofreu resistência por parte da vereadora na Câmara Municipal.

Conforme a procuradoria, os irmãos "possuíam interesse econômico direto na aprovação de normas legais que facilitassem a regularização do uso e da ocupação do solo, bem como o respectivo parcelamento, especialmente em áreas de milícia e de loteamentos clandestinos na cidade do Rio de Janeiro".

Por isso, "qualquer embater ou disputa nesse campo específico da política municipal representava, portanto, uma ameaça a seus negócios e a dos diferentes grupos de milícias com os quais se associaram".

"Mas foram nas divergências sobre as políticas urbanísticas e habitacionais que os irmãos Brazão perceberam a necessidade de executar a vereadora. Se antes João Francisco [Chiquinho] aprovava sem dificuldades as suas pautas de interesse, a chegada de Marielle mudou radicalmente esse quadro", pontuou a procuradoria.

Os Brazão foram denunciados pela morte da vereadora e do motorista. Na denúncia, a procuradoria diz que Marielle se tornou "a principal opositora e o mais ativo símbolo da resistência aos interesses econômicos dos irmãos". "Matá-la significava eliminar de vez o obstáculo e, ao mesmo tempo, dissuadir outros políticos do grupo de oposição a imitar-lhe a postura", explicou a PGR.