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Cantora israelense se classifica para final do Eurovision após críticas em ato pró-palestinos

Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a cantora havia vencido por resistir aos protestos

Eden Golan representa Israel no Eurovision 2024 - Jessica Gow/AFP

Israel se classificou, nesta quinta-feira (9), para a final do festival Eurovision, que acontece na cidade sueca de Malmö, em meio à polêmica sobre a sua participação no popular evento musical europeu. A intérprete israelense Eden Golan cantou a música "Hurricane" diante de 9 mil pessoas na Malmö Arena, sem registro de incidentes.

Poucas horas antes, cerca de 12 mil manifestantes protestaram contra a presença de Israel no festival e expressarem sua indignação pela guerra na Faixa de Gaza. Os participantes agitavam bandeiras palestinas e cartazes que criticavam a União Europeia de Radiodifusão (UER), que organiza o Eurovision.

"A UER legitima o genocídio", "Não se pode fazer uma lavagem cor-de-rosa no colonialismo", bradavam alguns deles, em um dia que colocou tensão no evento de música kitsch e pop no qual competem artistas de 26 países.

 

Em 2022, a UER fechou as portas para a Rússia devido à invasão à Ucrânia. Em outro bairro da cidade, uma centena de pessoas se reuniu sob forte proteção policial para celebrar a participação de Israel. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a cantora havia vencido por resistir aos protestos, que descreveu como "uma onda horrível de antissemitismo".

Croácia, Suíça e Ucrânia favoritas
Croácia, Suíça e Ucrânia são as favoritas da competição, com propostas artísticas originais. Dentro da Arena Malmö, a organização proibiu, como de costume, qualquer bandeira que não seja de um país participante e cartazes com mensagens políticas.

Para respeitar a neutralidade da disputa, a UER proibiu no ano passado que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, tomasse a palavra. Essa neutralidade foi desafiada na primeira semifinal pelo cantor sueco Éric Saade, que usou no braço um lenço palestino. A UER e a emissora pública sueca SVT lamentaram o gesto e insistiram em que o evento é apolítico.

 

Para os fãs da competição, que deve atrair um público de até 100 mil pessoas à arena, "o importante é o que está no palco, e não a política", disse o professor Andreas Önnerfors, especialista no concurso, que existe há quase 70 anos. "O Eurovision é uma amostra de tolerância europeia que não se encontra sob outras formas nem em outros lugares."

Medidas de segurança
Este ano, o conflito na Faixa de Gaza ofuscou a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022. "Tem que haver manifestações, as pessoas têm que expressar suas opiniões, têm que boicotar", disse à AFP Magnus Børmark, um candidato norueguês com seu grupo Gåte, que, como outros oito participantes, pediu um cessar-fogo duradouro em Gaza.

Alguns membros da comunidade judaica planejam deixar a cidade no fim de semana. "Com o Eurovision, há uma espécie de intensificação. O sentimento de insegurança aumentou depois de 7 de outubro", quando um ataque mortal do Hamas em Israel desencadeou a guerra, "e muitos judeus estão preocupados", explicou um dos seus porta-vozes, Fredrik Sieradzki.

Segundo Sieradzki, as manifestações pró-palestinos não foram diretamente dirigidas aos judeus da cidade, mas a segurança em torno da sinagoga foi reforçada.