BALANÇO

Petrobras: lucro líquido cai 37,9% para R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre

Resultado foi menor que o esperado pelo mercado

Petrobras - Fernando Frazão/Agência Brasil

A Petrobras registrou lucro líquido neste primeiro trimestre de R$ 23,700 bilhões. O valor é 37,9% menor que o ganho de R$ 38,156 bilhões obtidos nos primeiros três meses do ano passado.

O resultado foi menor que o esperado pelo mercado, que projetava lucro em torno de R$ 28,3 bilhões (ou cerca de US$ 5,5 bilhões, com base no câmbio a R$ 5,15) nos primeiros três meses deste ano.

Para especialistas, um dos principais motivos para a retração no resultado nos três primeiros meses do ano ocorreu por conta da queda nas vendas dos derivados no mercado interno. Nos primeiros três meses deste ano, a estatal informou recuo de 2,9%, para 1,648 milhão de barris por dia na comparação anual.

Além das menores vendas, a estatal atribuiu o resultado menor à redução da margem de diesel. “Além disso, o resultado foi impactado pela piora do resultado financeiro devido à desvalorização do real frente ao dólar”, explicou a estatal.

Assim, a receita de vendas chegou a R$ 117,721 bilhões no primeiro trimestre deste ano, valor 15,4% menor em relação aos R$ 139 bilhões do primeiro trimestre do ano passado.

Segundo a estatal, a gasolina teve queda de 6,8% nas vendas entre janeiro e março, assim como o diesel, que caiu 3,4%. A redução ocorreu “em função da demanda de mercado e paradas programadas”, disse a estatal recentemente. A Petrobras afirmou ainda que houve um aumento no teor mínimo de mistura obrigatória de biodiesel, que passou de 12% para 14%, em março de 2024. Na gasolina, explicou a estatal, houve perda de participação para o etanol hidratado no abastecimento dos veículos flex.

Levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) aponta que os preços do etanol no primeiro trimestre deste ano ficaram 63% em média os preços da gasolina. Sempre que essa relação ficar abaixo de 70% é mais vantajoso do ponto de vista econômico abastecer com etanol.

— Tivemos um recorde na produção da safra 2023/2024, e isso acabou se refletindo num preço mais competitivo do etanol na bomba. Com isso, a produção de etanol teve alta de 16%, para 33,5 bilhões de litros. Agora, neste segundo trimestre, não devemos ter essa mesma alta, o que deve ter reflexos nos preços — diz Bruno Pascon, sócio-fundador e diretor da CBIE Advisory.

Segundo Pascon, caso a estatal tivesse reajustado os preços da gasolina ao longo deste ano, a diferença entre gasolina e etanol seria ainda maior. O último reajuste feito pela estatal foi em outubro, quando reduziu o valor por litro na refinaria. Hoje, segundo cálculos da CBIE, a defasagem está em cerca de 20%.