Em protesto, familiares e amigos pedem justiça por Gean Carlos, estudante morto em ônibus no Recife
O ato foi organizado por um coletivo formado por integrantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde Gean cursava o 4° período de Ciências do Consumo
Na manhã desta terça-feira (14), familiares, amigos e professores clamaram por justiça pelo estudante universitário Gean Carlos Lopes Júnior, morto a facadas durante assalto em um ônibus no Centro do Recife no dia 1° de maio. O ato público, que aconteceu na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, foi pacífico e aconteceu em protesto à violência no Estado para cobrar respostas do setor público.
O ato foi organizado por um coletivo formado por integrantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde Gean cursava o 4° período de Ciências do Consumo, com participação do Movimento Estudantil, familiares e amigos. Todos foram a caminho do Palácio do Campo das Princesas em busca de uma conversa com um representante do Governo do Estado.
"A gente quer justiça por Gean. Vamos atrás de tudo que puder ser feito. Câmeras, policiamento na hora, tudo. Meu filho era uma pessoa muito boa, que estava no Recife há três anos em busca do sonho dele, que era ser grande. Ele queria ser grande para poder me ajudar na vida. A gente quer justiça", afirmou a mãe de Gran, Sinara Patrícia da Silva.
Natural de Caruaru, Gean estava no Recife para estudar e trabalhar. A morte do jovem foi confirmada no Hospital da Restauração (HR), onde ele recebeu atendimento médico. Segundo a mãe, no entanto, o contato recebido para confirmar o óbito veio por meio de terceiros. "Nenhuma autoridade falou comigo. Minha filha que veio me perguntar se Gean estava bem porque ela recebeu mensagens de pesar sobre ele. Foi aí que o meu mundo caiu. A gente quer uma explicação sobre isso o mais rápido possível", afirmou.
Segundo a Polícia Militar de Pernambuco, o jovem foi atingido por golpes de faca. O efetivo do 16º BPM, que foi acionado para o local, socorreu a vítima para o Hospital da Restauração, na área central da capital. Até o momento, ninguém foi preso. A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), que afirmou que as investigações estão sob responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e que "mais informações serão fornecidas em momento oportuno para não comprometer as diligências em curso".
"Cobramos agilidade, queremos que isso seja resolvido logo. Como a investigação é sigilosa, temos que esperar", revelou o advogado da família, Sérgio Gonçalves.
Uma das cenas marcantes do protesto foi o ato em frente à parada do BRT da Avenida Guararapes. Lá, os manifestantes picharam as paredes com os dizeres "Justiça por Gean!", colaram cartazes com cobranças para o Poder Público e jogaram tinta vermelha no chão e nas janelas do local para simular o sangue do jovem.
Sem o filho há 13 dias, o que sobra para a família é apenas o luto e a luta constante por uma resolução do caso. "Não há como explicar porque nunca imaginei que isso aconteceria. O pessoal fala que cada dia vai vindo mais a saudade. Não é Não, meu filho. É uma explosão de sentimentos. Parece quem montanha-russa. Eu paro e lembro, cadê ele? A risada dele? É muito difícil", revelou a mãe do jovem, muito emocionada.
Protesto dos Rodoviários
Presentes no ato, os rodoviários também protestaram contra casos de violência nos ônibus no Grande Recife. A categoria fechou a Avenida Guararapes com veículos estacionados em ação que segiu até às 12h40, e também impossibilitou o tráfego de véiculos na Rua do Sol e na Ponte Buarque de Macedo.
O protesto foi finalizado por volta das 12h40, quando os manifestantes seguiram para o Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife. O ponto é sede do Governo do Estado, onde foi feita a cobrança por melhoria na segurança pública de Pernambuco.
Lá, apenas quatro pessoas puderam entrar: a mãe e irmã de Gean Carlos, o advogado da família, e Aldo Lima, representando o Sindicato dos Rodoviários. Eles foram recebidos pelo secretário executivo da Casa Civil do Estado, Igor Catena. Não houve atendimento à imprensa. A reportagem entrou em contato com o Governo de Pernambuco, em busca de um posicionamento, mas, até a última atualização desta matéria, não recebeu retorno. O canal segue aberto.