Ao defender inteligência artificial, Barroso diz que juízes podem sofrer "influências políticas"
Presidente do STF participou de encontro com magistrados dos países do G20
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu a utilização na inteligência artificial no meio jurídico nesta terça-feira. Em sua sustentação, o magistrado chegou a afirmar que juízes estão sujeitos a interesses pessoais e, até mesmo, influências políticas.
— Muitos de nós temos um medo sobre as tendências e preconceitos perpetuados pela inteligência artificial, mas os juízes também podem sofrer de influências, opiniões políticas e até mesmo interesses pessoais. Por isso, sou cético enquanto a isso — disse o ministro.
A declaração foi dada durante reunião do J20, evento organizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com representantes de outros tribunais dos países integrantes do G20.
Nesta terça-feira, ocorreu a terceira sessão de discussão e encerramento do encontro que ocorre desde domingo no Rio de Janeiro, com o objetivo montar um fórum global para órgãos de jurisdição constitucional.
Na reunião de hoje, a inteligência artificial foi o ponto de discussão. Na abertura, Barroso pontuou pontos positivos e negativos sobre a tecnologia e afirmou que há um risco de singularidade.
— É um risco que os cientistas estudam de que as máquinas poderiam desenvolver consciência e dominar o mundo. O risco dessa singularidade nesse momento não supera 10%. Quando eu li isso pela primeira vez fiquei tranquilo, mas depois li uma matéria que questionava se eu entraria em um avião se tivesse 10% de chance de cair e pensei duas vezes — disse o presidente do STF.
Segundo o ministro que preside a Corte, a inteligência artificial já é usada para agrupar e filtrar casos e, em breve, há expectativa de que um software possa resumir as ações e até mesmo escrever sentenças.
— No Brasil tivemos grandes mudanças após a pandemia: a possibilidade de manter as sessões virtuais. Nosso volume de trabalho é tão grande que hoje seria impossível julgarmos todos presencialmente.
Ao longo dos três dias de evento, outros temas como cidadania, inclusão social e desenvolvimento sustentável também foram debatidos pelo juristas.
Com a tragédia no Rio Grande do Sul, que já chega a 147 mortes, a pauta ambiental foi amplamente discutido pelos magistrados. Na segunda-feira, houve um consenso que o tema não deve ser tocado pelo Judiciário, mas pelo Executivo e Legislativo.
— Não se salva o mundo da mudança climática com decisões judiciais — defendeu Barroso na segunda-feira.