Política

Barroso diz que parte das plataformas estão articuladas com a extrema-direita

Presidente do STF citou a tragédia no Rio Grande do Sul: "Inacreditável que a motivação política faça com que se tripudie das mortes"

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, durante evento - Fellipe Sampaio/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu nesta terça-feira que as redes sociais sejam regulamentadas, afim de combater a desinformação, e afirmou que parte dessas plataformas estão articuladas com a extrema-direita.
 

Segundo Barroso, as plataformas precisam ser mais “cooperativas” e demonstrar comprometimento em combater deep fakes. Apesar do tom firme, o ministro identifica uma alteração de comportamento entre a maior parte das empresas nos últimos anos.

— Algumas estão ganhando consciência do mal que podem fazer para a humanidade e do do desprestígio para si, mas algumas servem a sua própria causa comercial de conseguir mais engajamento com o ódio. Infelizmente o ódio, a mentira, a desinformação trazem mais engajamento e algumas (empresas) estão articuladas com movimentos de extrema-direita — disse.

O ministro citou a tragédia no Rio Grande do Sul, que já chega a 147 mortes, e as fake news que circulam sobre o tema.

— Em algum momento isso vai ter que ser regulado e as pessoas precisam ter a consciência de que a gente tá aqui para fazer o bem e não para fazer o mal. É inacreditável que a motivação política baixa faça como que se tripudie sobre as morte, sobre o flagelado, sobre esse momento dramático do Rio Grande do Sul.

As declarações foram dadas após reunião do J20, evento organizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com representantes de outros tribunais dos países integrantes do G20.

Nesta terça-feira, ocorreu a terceira sessão de discussão e encerramento do encontro que ocorre desde domingo no Rio de Janeiro, com o objetivo montar um fórum global para órgãos de jurisdição constitucional.

Na reunião de hoje, a inteligência artificial foi o ponto de discussão. Na abertura, Barroso pontuou pontos positivos e negativos sobre a tecnologia e afirmou que há um risco de singularidade.

— É um risco que os cientistas estudam de que as máquinas poderiam desenvolver consciência e dominar o mundo. O risco dessa singularidade nesse momento não supera 10%. Quando eu li isso pela primeira vez fiquei tranquilo, mas depois li uma matéria que questionava se eu entraria em um avião se tivesse 10% de chance de cair e pensei duas vezes — disse o presidente do STF.

Segundo o ministro que preside a Corte, a inteligência artificial já é usada para agrupar e filtrar casos e, em breve, há expectativa de que um software possa resumir as ações e até mesmo escrever sentenças.

Ao longo dos três dias de evento, outros temas como cidadania, inclusão social e desenvolvimento sustentável também foram debatidos pelo juristas.