PETROBRAS

Lula conversou com Dilma Rousseff e Sergio Gabrielli sobre Petrobras antes de demitir Prates

Conversas ocorreram nas últimas três semanas, afirmam auxiliares do presidente

Lula - Reprodução/vídeo X

Nas últimas três semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou sobre o futuro da Petrobras com o ex-presidente da estatal Sergio Gabrielli, que comandou a empresa entre 2005 e 2012, de acordo com auxiliares do petista.

O presidente também trocou impressões sobre Petrobras com a ex-presidente Dilma Rousseff, segundo integrantes do Palácio do Planalto.

O presidente teve essas conversas com Gabrielli e Dilma, dois de seus conselheiros, antes de retirar Jean Paul Patres do comando da empresa.

Para o entorno do presidente estava claro que Jean Paul seria demitido do cargo. Auxiliares, no entanto, afirmam que Lula aguardava um momento calmo para trocar o comando da empresa, sem que a Petrobras estivesse em alguma crise, como ocorreu com o embate dos dividendos em março.

A decisão foi comunicada a Prates um dia após a divulgação balanço trimestral da empresa e enquanto o governo está empenhado em uma força-tarefa de respostas as enchentes do Rio Grande do Sul.

Escolhida como presidente da Petrobras, Magda Chambriard é considerada um nome de perfil técnico e que terá uma postura mais disciplinada no comando da empresa.

No Planalto, Jean Paul, que é ex-senador do Rio Grande do Norte, era visto como um nome político, que criava crises em séries dentro da empresa e que tinha uma relação tensa com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
 

Reunião presencial
Lula convocou o CEO da estatal para uma conversa no Palácio do Planalto, após a reunião em que discutiu as medidas que serão anunciadas para os desastres no Rio Grande do Sul na quarta-feira.

De acordo com auxiliares, Lula decidiu pela demissão por ver problemas na gestão de Prates à frente da Petrobras. A saída vinha sendo cogitada desde o início de abril. Mas a avaliação é que o presidente da República prefere, em muitos casos, deixar o assunto esfriar antes de tomar uma decisão. Por isso, postergou por mais um mês a permanência de Prates no cargo.

Em abril, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, chegou a ser cogitado como um possível substituto de Prates à frente da Petrobras, mas Lula optou por um outro nome, Magda Chambriard.

Mas no Planalto, a constatação era que também havia um conflito conceitual entre o que o Lula defende para a estatal e o modelo que estava sendo implantado por Prates na companhia.

O presidente da República é favorável a ampliar os investimentos em infraestrutura, como parques de refino e na indústria naval, e critica o que considera uma lógica de focar em apenas resultados financeiros positivos para a empresa. Outra área em que ele defende aportes é a fabricação de fertilizantes.

Para Lula, grande parte do lucro da Petrobras deve ser destinado a investimentos. O presidente vê a maior empresa brasileira como um trunfo para o seu governo alavancar o crescimento da economia.

Desde seus primeiros governos, Lula costuma dizer que a Petrobras é um patrimônio do povo brasileiro e que a estatal não deve ter como preocupação principal gerar dividendos para seus acionistas.

Como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, Prates se despediu nesta tarde de seus diretores e comunicou à equipe que Magda Chambriard será a nova presidente da Petrobras. Ela foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff.