CRISE DIPLOMÁTICA

Líder chavista pede retirada da União Europeia de lista de observadores das eleições na Venezuela

Governo de Caracas reagiu à levantamento parcial de sanções contra aliados do presidente Nicolás Maduro pelo bloco europeu, exigindo retirada total

Vendedores passam em frente a grafite do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas - Juan Barreto/AFP

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, principal nome do chavismo no Poder Legislativo, solicitou ao Centro Nacional Eleitoral (CNE) a retirada da União Europeia da lista de convidados para observar as eleições presidenciais deste ano. O pedido ocorre em meio a uma crise diplomática entre o país sul-americano e o bloco europeu, que recentemente retirou parcialmente as sanções aplicadas a autoridades eleitorais venezuelanas — o que provocou um efeito contrário ao esperado na cúpula política de Caracas, que recebeu a medida como uma provocação.

"Eles esperam que celebremos [o levantamento das sanções]" disse Rodríguez, em uma sessão parlamentar na terça-feira. — Com esta atitude racista, arrogante, rude e insultuosa da UE, convidar uma missão eleitoral torna-se materialmente impossível.

Em um gesto que justificou ser destinado à encorajar eleições livres e justas na Venezuela, o bloco europeu suspendeu temporariamente as sanções contra o chefe da autoridade eleitoral do país, Elvis Amoroso — um aliado de primeira ordem de Maduro — e outros três ex-funcionários do órgão, na segunda-feira. Analistas apontaram a medida como uma sinalização da comunidade internacional ao governo de Caracas sobre a necessidade de ingressar em um caminho democrático.

O levantamento parcial das sanções — outras sanções foram mantidas e prorrogadas até o dia 10 de janeiro — foi recepcionado de forma negativa pelo governo chavista. Ainda na segunda-feira, a cúpula política se manifestou para criticar a tentativa.

— Enganosamente, retiraram alguns membros do Centro Nacional Eleitoral da lista de sanções, para supostamente enviar um sinal de boa fé ou alívio. Dizemos francamente que rejeitamos essa posição — disse o ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, ao jornal El Universal.

A observação eleitoral é um dos aspectos cruciais que a oposição tem solicitado para que as eleições marcadas para julho sejam consideradas competitivas, em meio à desconfiança com os esforços chavistas para sufocar os candidatos não-alinhados. María Corina Machado, principal nome da oposição, foi impedida de concorrer, e sua substituta imediata, Corina Yoris, também foi bloqueada. As esperanças da oposição agora estão com o ex-diplomata Edmundo González.

Em março, Caracas enviou convites a organismos internacionais para que atuem como observadores, incluindo a UE. Comissões exploratórias viajaram à Venezuela no mês passado, para avaliar as condições e requisitos necessários para instalar as missões de observação eleitoral. A expectativa europeia era de estabelecer a sua pelo menos um mês antes da votação.

Cerca de 50 funcionários do governo venezuelano seguem sob sanções da União Europeia. As medidas incluem de congelamento de bens no exterior à proibições de viagem a países do bloco. (Com Bloomberg e El Tiempo)