Estado de emergência: Após 4 mortes na Nova Caledônia, França proíbe Tik Tok e aciona militares
Protestos começaram na segunda-feira, quando a Assembleia Nacional, a Câmara dos Deputados francesa, começou a debater em Paris uma reforma do censo eleitoral
Paris declarou estado de emergência, nesta quarta-feira, no território francês da Nova Caledônia, onde tumultos contra uma reforma do censo eleitoral deixaram quatro mortos, incluindo um gendarme, e centenas de feridos. O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, também proibiu a rede social Tik Tok e acionou militares para garantir a segurança dos portos e aeroportos.
"Os militares das forças armadas estão desesperados para garantir a segurança dos portos e do aeroporto de Nova Caledônia", disse Attal no início de uma reunião de crise em Paris.
Os protestos começaram na segunda-feira, quando a Assembleia Nacional, a Câmara dos Deputados francesa, começou a debater em Paris uma reforma do censo eleitoral, aprovada na madrugada desta quarta-feira. O Senado já havia aprovado a mudança.
Centenas de pessoas ficaram feridas, incluindo vários policiais e agentes das forças de segurança, afirmou o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin.
Atualmente, apenas os eleitores registrados em 1998 e seus descendentes podem participar nas eleições provinciais do arquipélago de 270.000 habitantes. Os independentistas nativos consideram que a ampliação do censo deve marginalizar ainda mais o povo Kanak nas instituições provinciais, que têm amplas atribuições transferidas por Paris.
Após a primeira noite de graves distúrbios, com incêndios, saques e tiros contra a polícia, as autoridades do território decretaram um toque de recolher, proibiram reuniões públicas e fecharam escolas e o principal aeroporto.
Porém, "os graves problemas de ordem pública prosseguem, com incêndios e saques de estabelecimentos comerciais, infraestruturas e estabelecimentos públicos, incluindo várias escolas", admitiu nesta quarta-feira o Alto Comissário.
— Imagine o que aconteceria se as milícias começassem a atirar contra pessoas armadas — disse Le Franc, que citou uma situação "insurrecional" no arquipélago.
O representante do Estado francês anunciou um balanço de 140 detenções na região de Noumea, a cidade mais importante do território.
Macron pede calma
Os protestos não impediram o avanço do processo parlamentar em Paris, mas, por tratar-se de uma reforma constitucional, a medida também deve ser submetida à votação conjunta das duas câmaras e obter mais de 60% de apoio para ser aprovada em definitivo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que convocará esta sessão "antes do final de junho", exceto se os independentistas da Nova Caledônia e os partidários da permanência em França aprovarem uma reforma alternativa.
Em uma carta, Macron condenou o "caráter indigno e inaceitável" dos distúrbios. Também pediu aos representantes locais que condenem a violência sem ambiguidade e façam um apelo por calma.
A oposição de direita pediu ao governo que decrete estado de emergência.