Tesla pode ser processada por propaganda enganosa sobre função autônoma de seus carros
Consumidor alega que Musk exagerou ao garantir que veículos podem percorrer sozinhos de Los Angeles a Nova York
A Tesla deve enfrentar uma ação coletiva alegando que enganou os consumidores sobre as capacidades de condução autônoma de seus carros. Trata-se de um novo contratempo para a fabricante de carros elétricos, no momento em que seu CEO, Elon Musk, aposta que o futuro da empresa está relacionado a uma melhor autonomia de seus veículos.
A empresa está sendo acusada de informar, em 2016, que todos os seus carros, a partir dali, teriam o “hardware necessário para a plena capacidade de condução autônoma” - e, por isso, até o fim de 2017 seriam capazes de percorrer sozinhos o trajeto de Los Angeles a Nova York (cerca de 3.940 quilômetros).
“Se a Tesla pretendia transmitir que seu hardware era suficiente para obter automação alta ou total”, a denúncia “alega claramente" que a informação é falsa, segundo despacho da juíza distrital dos EUA Rita Lin divulgado nesta quarta-feira.
Musk declarou em abril que a Tesla está “dando duro em busca de autonomia”, ao mesmo tempo em que envolve a montadora com um conceito de veículo autônomo de próxima geração chamado robotáxi.
O empresário bilionário tem falado muito sobre autonomia há mais de uma década, e convenceu os clientes a pagarem milhares de dólares pelo recurso Full Self-Driving (FSD). O nome é impróprio, pois o FSD requer supervisão constante e não torna os veículos autônomos, mas Musk falou repetidamente nesse mecanismo.
Enquanto isso, a empresa enfrenta investigações federais a respeito de possíveis defeitos no recurso de assistência ao motorista do piloto automático, que poderiam ter contribuído para acidentes fatais. A Tesla também está às voltas com investigações regulatórias e ações judiciais sobre alegações de que exagerou seu progresso em direção à direção sem as mãos.
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No mês passado, a Administração Nacional de Segurança n Tráfego Rodoviário abriu uma investigação para saber se o recall de mais de dois milhões de carros da fabricante, feito há alguns meses, abordou devidamente os riscos de segurança do piloto automático.
A Tesla não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O morador da Califórnia Thomas LoSavio, que apresentou a queixa, diz que comprou um novo Tesla em 2017 e pagou US$ 8 mil extras pelo FSD. Ele alegou que as declarações de Tesla e Musk o levaram a acreditar que seu carro teria tecnologia de direção autônoma dentro de um “período razoavelmente curto”. Mas em 2022, Tesla não havia produzido “nada que se aproximasse remotamente de um carro totalmente autônomo”, de acordo com sua denúncia.
LoSavio apresentou a queixa em nome de qualquer pessoa que tenha comprado ou alugadoo um veículo Tesla novo com piloto automático, piloto automático aprimorado ou FSD desde 2016.
Sem se pronunciar sobre o mérito das suas alegações, a juíza disse que LoSavio alegou que eram enganosas certas declarações de 2016 - como os “veículos Tesla produzidos na nossa fábrica têm agora hardware totalmente autónomo” e que os carros seriam capazes de conduzir sozinhos país adentro, “até o final do próximo ano, sem a necessidade de um único toque”.
Embora Lin tenha permitido que algumas alegações de negligência e fraude prosseguissem, ela rejeitou outras alegações. Sua decisão permite que a investigação pré-julgamento siga adiante. A decisão sobre se o caso se qualifica para o status de ação coletiva virá mais tarde.