Com paralisação, Brasileirão chega a 28 jogos adiados; veja cenários para remarcações
CBF definiu suspensão das rodadas 7 e 8 do campeonato, que aconteceriam nos próximos finais de semana. Logística de remarcações deve chegar em datas Fifa
Enquanto o Rio Grande do Sul e as equipes gaúchas tentavam se levantar e contar os prejuízos do desastre climático, a lista de clubes que se posicionavam a favor de uma paralisação do Campeonato Brasileiro crescia exponencialmente, assim como a pressão sobre a CBF, que prometeu, nas palavras do presidente Ednaldo Rodrigues, acatar qualquer decisão das equipes. Ontem, a entidade bateu o martelo: as rodadas 7 e 8 do torneio, que aconteceriam nos dois próximos finais de semana, estão suspensas.
Em nota, a CBF anunciou o adiamento e atribuiu a decisão aos pedidos oficiais de 15 equipes: Atlético-GO, Atlético-MG, Athletico, Criciúma, Cruzeiro, Cuiabá, Bahia, Juventude, Vitória, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Botafogo, Internacional e Vasco. Já à noite, o Bragantino também divulgou ser a favor da paralisação. Corinthians, São Paulo, Flamengo e Palmeiras foram os clubes que não endossaram os pedidos de adiamento, com os dois últimos se posicionando publicamente como contrários. O Conselho Técnico do dia 27, que teria deliberações sobre o assunto, está mantido, agora com discussões sobre registro e transferência de atletas, acessos às competições internacionais e questões de direitos de transmissão e patrocínios.
Copa do Brasil mantida
Com a paralisação, o campeonato chega a 28 partidas adiadas: as 20 das duas próximas rodadas mais outras cinco envolvendo Grêmio, Internacional e Juventude de rodadas anteriores, além de outras três não atreladas aos clubes gaúchos. Na Copa do Brasil, os confrontos do trio também serão remarcados. Por outro lado, as datas da competição mata-mata para as demais equipes, que têm partidas já no início da próxima semana, seguem de pé.
Pouco antes do anúncio do adiamento, o presidente do Internacional, Alessandro Barcellos, já havia dito ao Globo acreditar que havia datas suficientes para remarcações.
— Apresentamos a solicitação de adiamento de até três rodadas antes da rodada passada. Sabemos que temos, pelo calendário oficial, datas suficientes para recuperar esses jogos.
A CBF, por outro lado, planejava uma espécie de lobby pela continuidade do torneio no Conselho Técnico do dia 27. Na visão da entidade, não há margem no calendário para alocar novos adiamentos. O plano era levar partidas para o período de confrontos entre seleções (sem contar a Copa América).
Só que a janela mais próxima, entre 3 e 11 de junho, já foi tomada pela Conmebol, que tem prioridade. A confederação continental remarcou os quatro compromissos adiados da dupla Gre-Nal por Libertadores e Sul-Americana para 4 e 8 do próximo mês. A tendência é que a CBF use as datas Fifa de setembro, outubro e novembro para reacomodar as outras partidas. Mas a entidade também está de olho nas competições de meio de semana. À medida em que as equipes envolvidas em jogos adiados forem eliminadas, novas datas surgirão.
Equipes desfalcadas
Com a paralisação geral, todos os times terão que jogar nas datas Fifa, o que significa atuar sem jogadores convocados. Para clubes que contam com estrangeiros que costumam ser chamados por suas seleções, isso representa desfalques importantes, o que pode até afetar as pretensões dos times no campeonato.
Outro agravante para este cenário é que ele não permite mais nenhum imprevisto. Se, mais à frente, houver novos adiamentos por qualquer motivo, adiar o fim do Série A não será uma operação fácil. Logo após a data reservada para a última rodada (8 de dezembro), começa a Copa Intercontinental, da Fifa, com final marcada para dia 18. Neste ano, o campeão da Libertadores terá que disputar três jogos.
Só será possível saber se o representante da Conmebol no novo torneio será brasileiro em 30 de novembro, dia da final da Libertadores. Ou seja: já sem margem para antecipar jogos dele pela Série A. Só restará à CBF torcer para que esta “tempestade perfeita” não se forme.