Silvio Luiz virou árbitro para descobrir máfia, não teve sucesso e seguiu por hobby; relembre
Locutor participou como assistente da partida que marcou a inauguração definitiva do Morumbi, em 1970
Conhecido do grande público pelos anos de carreira com jornalista e narrador esportivo, Silvio Luiz tem no currículo uma atividade menos conhecida: a de árbitro de futebol. O locutor atuou por cerca de cinco anos entre os homens do apito. E, claro, reuniu histórias.
A aventura de Silvio por esta área teve início em 1965, quando ele já era jornalista esportivo. Entrou para o curso da Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol e formou-se na mesma turma que nomes mais populares
Antes de se consolidar como um dos maiores locutores esportivos do Brasil, Silvio Luiz foi árbitro de futebol entre o fim da década de 1960 e início dos anos 1970.
Em 1965, mudou radicalmente de área, fez um curso na Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol e formou-se como árbitro na mesma turma de Dulcídio Wanderley Boschilia e José de Assis Aragão, nomes emblemáticos da arbitragem brasileira.
O jornalista foi tema da monografia “Pelas barbas do profeta: Silvio Luiz e a busca da identidade da narração futebolística para a TV", apresentado por Francisco Ângelo Brinati no curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, em 2005. O trabalho conta que a entrada de Silvio na arbitragem foi inusitada.
O repórter tinha a intenção de fazer uma imersão entre os homens do apito para descobrir supostos esquemas de resultados e poder fazer grandes reportagens. Só que não teve sucesso, e acabou descobrindo na arbitragem um hobby de fim de semana.
Entre os anos 1960 e 1970, Silvio atuou como árbitro e assistente. Nesta última função, participou de um jogo emblemático: São Paulo 1 x 1 Porto, que marcou a inauguração definitiva do Morumbi, em 1970 (o estádio já recebia partidas há uma década, mas parcialmente construído). Ele foi um dos bandeiras do trio liderado por José Favilli Neto.
O hobby levou Silvio a situações inusitadas. Como, por exemplo, ter deixado o estádio num camburão da polícia para escapar da fúria da torcida. Mas as histórias sempre foram lembradas por ele com bom humor.
O que ele não via com leveza, na verdade, era a atuação da Federação Paulista de Futebol. Foi o descontentamento com a entidade o levou a abandonar a função e se dedicar exclusivamente ao jornalismo. Em 1982 e em 1985, chegou a lançar o que chamava de candidatura de protesto à presidência da FPF ao lado do também jornalista Flávio Prado.
Não venceram, mas chamaram a atenção para sua pauta contra a cartolagem. Para isso, usaram táticas como chegar na eleição de carroça, em 1982, e de ambulância, em 1985.