Com cheias no Rio Grande do Sul, governo aumenta projeção de inflação para 3,7% este ano
Sem levar em consideração as inundações no estado, área econômica reviu para cima, de 2,2% para 2,5%, crescimento do PIB em 2024
O governo aumentou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 2,2% para 2,5%, graças ao desempenho das vendas no varejo e dos serviços, à expansão de postos de trabalho e à expansão das concessões de crédito. No entanto, subiu a previsão de inflação medida pelo IPCA de 3,50% para 3,70% para 2024, por causa das inundações que assolam o Rio Grande do Sul.
As estimativas foram divulgadas, nesta quinta-feira, pelo Ministério da Fazenda, no Boletim Macrofiscal, tornado público a cada dois meses. O documento também aumenta a previsão de inflação para 2025, de 3,10% para 3,20%.
"O aumento nas estimativas para a inflação captura tanto os efeitos da depreciação cambial recente nos preços livres como os impactos das fortes chuvas no Rio Grande do Sul na oferta e nos preços de produtos in natura, arroz, carnes e aves", diz um trecho do boletim.
De acordo com a área econômica do governo, os preços desses alimentos devem subir de maneira "mais pronunciada" nos próximos dois meses. No entanto, parcela relevante desse aumento deve ser devolvida nos meses seguintes, com a normalização da oferta.
Já nas estimativas de crescimento do PIB não estão considerados os efeitos da calamidade no Rio Grande do Sul na atividade econômica. Para 2025, o governo federal manteve a expectativa de expansão de 2,,8% na economia brasileira.
O documento destaca que "a magnitude do impacto depende da ocorrência de novos eventos climáticos, de transbordamentos desses impactos para estados próximos e do efeito de programas de auxílio fiscal e de crédito nas cidades atingidas pelas chuvas".
O PIB do Rio Grande do Sul, com peso aproximado de 6,5% no PIB brasileiro, deverá registrar perdas principalmente no segundo trimestre, parcialmente compensadas ao longo dos trimestres posteriores, projeta o Ministério da Fazenda. As atividades mais afetadas são aquelas ligadas à agropecuária e à indústria de transformação.
O cenário externo é outra fonte de preocupação da Fazenda, por ter se tornado mais adverso nos últimos meses. "A materialização de alguns riscos como a aceleração da inflação americana e o acirramento das tensões geopolíticas no Oriente Médio levou o mercado a postergar o início do corte de juros pelo Fed, elevando a aversão ao risco, o rendimento das treasuries e a cotação do dólar", destaca o boletim.