ESTADOS UNIDOS

Dados de inflação dos EUA saem meia hora antes, e 'acidente' pode virar alvo de investigação

Relatório esperado pelos mercados financeiros em todo o mundo acabou divulgado trinta minutos antes do previsto ontem

Dólares - Canva/Reprodução

A agência estatística federal responsável pelo índice de preços ao consumidor dos EUA, que tem implicações para a política monetária do Federal Reserve e afeta ativos em todo o mundo, acidentalmente publicou alguns dados do relatório 30 minutos antes do horário previsto na quarta-feira.

Embora o erro do Bureau of Labor Statistics parece ter passado desapercebido, sem sinais óbvios de que tenha influenciado os mercados, é provável que o episódio suscite uma investigação mais atenta de como os dados são divulgados.

“O BLS carregou inadvertidamente um subconjunto de arquivos no site aproximadamente 30 minutos antes do relatório”, disse a agência em comunicado.

O BLS normalmente divulga seu relatório mensal sobre preços ao consumidor às 8:30 do horário de Washington (9h30 horário de Brasília), com protocolos rigorosos para impedir sua divulgação antecipada. Os números são examinados de perto por investidores e bancos centrais.

As ações americanas saltaram e as taxas dos títulos do governo caíram imediatamente após a divulgação oficial do relatório. Não houve movimentos bruscos no mercado no período de meia hora entre a publicação acidental dos dados e o horário programado, sugerindo que os números passaram despercebidos pelos investidores.

“Suspeito que o mercado em geral não estava negociando em cima dos dados antecipados”, disse Mingze Wu, operador de câmbio da StoneX Financial, em Cingapura. Wu observou que 30 minutos seria um tempo “muito longo” para operadores reagirem a uma divulgação antecipada de dados, caso tomassem conhecimento disso.

Não é a primeira vez que a divulgação de dados do BLS fica na berlinda. Há um mês, a Bloomberg News informou que um economista do órgão trocou mensagens sobre dados importantes de inflação com gigantes de Wall Street, como JPMorgan e BlackRock, levantando questões sobre acesso justo à informação.

Em dezembro de 2022, um salto nos futuros de títulos do Tesouro americano segundos antes de dados de inflação melhores do que o esperado chegarem ao site do BLS levou a preocupações sobre um possível vazamento. O BLS disse na época que não encontrou nenhuma evidência de que seus sistemas estivessem comprometidos ou que havia qualquer atividade suspeita em torno da divulgação.

“O BLS leva a sério a segurança de dados e está conduzindo uma investigação completa sobre seus procedimentos e controles para garantir que o incidente não se repita”, disse a agência.