Economia

Imersa em crises, Boeing renova mandato de seu conselho administrativo

Calhoun, membro do conselho desde 2009 e diretor-geral da companhia desde o início de 2020, permanecerá no cargo

O CEO da Boeing, Dave Calhoun, fala com repórteres no Capitólio em Washington - Jim Watson/AFP

Os acionistas da Boeing renovaram, nesta sexta-feira (17), o mandato de todos os membros de seu conselho de administração, incluindo o do diretor-executivo Dave Calhoun, cuja bonificação de mais de US$ 33 milhões (R$ 168,6 milhões) também foi aprovada.

Ambas as decisões foram tomadas durante a assembleia geral anual de acionistas da fabricante de aviões americana, realizada em meio a um clima incomum de tensão.
 

O grupo esteve nos últimos meses no centro da atenção das autoridades dos Estados Unidos, em particular os órgãos de regulação e a Justiça, devido a problemas de segurança e controle de qualidade.

No entanto, ele deve deixar a empresa no final de 2024, arrastado pelas múltiplas crises relacionadas a falhas de produção e controle de qualidade. Mas as condições de sua partida foram questionadas em especial por firmas de assessoramento dos acionistas.

A saída de Calhoun é consequência direta do incidente ocorrido em um voo da Alaska Airlines em janeiro, após uma série de problemas de produção em 2023.

A aeronave, um 737 MAX 9, perdeu uma porta cega em pleno voo. Embora não tenha havido feridos graves, foi necessário realizar uma aterrissagem de emergência.

A empresa de consultoria Glass Lewis havia aconselhado os acionistas a rejeitar a permanência de Calhoun e a Investor Shareholder Services (ISS) pediu-lhes que votassem "não" ao seu bônus de dezenas de milhões de dólares.

Um documento recente enviado pela Boeing aos acionistas destacava o papel desempenhado nos últimos tempos pelo novo presidente do conselho, Steve Mollenkopf.

Esse ex-diretor da Qualcomm é responsável, em particular, por supervisionar a busca do sucessor de Calhoun.

"Estamos decididos a garantir que cada avião da Boeing cumpra os mais rigorosos padrões de segurança e qualidade", destacou o documento.

Em um relatório recente, a Glass Lewis manifestou "sérias preocupações sobre a maneira como o conselho diretor buscou salvaguardar a cultura de segurança da empresa e sobre suas tentativas de restaurá-la".